O ilusionismo, arte milenar de enganar os sentidos, encontrou na política contemporânea um palco inesperado. A misdirection, técnica que desvia a atenção, é frequentemente utilizada para distrair o público das principais questões. A destreza com que se subtilmente se induzem escolhas, manifesta-se na manipulação da opinião pública através de narrativas cuidadosamente construídas, onde os dados são malabarismos para criar ilusões de progresso ou mascarar deficiências.
Teoricamente (e não na prática), os municípios (mesmo o de Vila do Conde) têm obrigações de transparência para garantir ética e eficiência na gestão municipal, demonstrando respeito pelos cidadãos e pelo Estado, estando por isso obrigados a: publicar orçamentos, relatórios financeiros e de contas; aceder e divulgar informações sobre a gestão municipal, tanto documentos, como reuniões; assim como apresentar relatórios sobre execução orçamental, para que os cidadãos possam monitorizar e controlar o desenvolvimento das atividades e dos eleitos, cuja declaração de interesses e potenciais conflitos, deve estar devidamente esclarecida.
A prestação de contas aos cidadãos e a transparência da informação é fundamental, desde logo como instrumentos para o combate à corrupção e uso indevido de recursos públicos, estimulando a confiança, rigor e escrutínio da gestão pública que fortaleça a democracia e o tratamento justo e equitativo dos cidadãos.
Sejam obras públicas ou concertos, contratação de fotógrafos ou jantares, deve ser claro e transparente para os cidadãos, os gastos, investimentos e qualidade da gestão que os eleitos municipais fazem dos “dinheiros públicos” e já agora, justificar, de forma clara e transparente, o porquê de empréstimos de 4,5 Milhões de Euros.
E assim, entre promessas vazias e contas por explicar, contemplamos a insustentável leveza de como é tratada a transparência no município.

