João Batista da Silva Leitão, imortalizado como Almeida Garrett, foi uma das figuras centrais do Liberalismo e legou à posteridade uma obra multifacetada e inovadora, que se distende desde o jornalismo, poesia, novela e romance popular, à reforma do teatro nacional.

No próximo dia 9 de dezembro comemora-se o 170.º aniversário do seu falecimento e, em sua homenagem, recordo a sua relação familiar com Vila do Conde, que foi alvo de estudo publicado em 1999, no bicentenário do seu nascimento (4.02.1799), em que fui autora com A. Monteiro dos Santos.

Efetivamente, as suas origens remotas residem  na freguesia de Touguinhó, onde nasceu a sua trisavó materna – Francisca Gomes – filha de Francisco Gomes, residente em Touguinhó no lugar da Mata, e de sua mulher Domingas Francisca. Francisca Gomes casou a 2.01.1692 com Lourenço Francisco, natural da Póvoa de Varzim, e tal como os seus pais eram humildes e dedicavam-se à agricultura na qualidade de caseiros do morgado da Senra, a quem pagavam foro.

Vieram depois morar para Vila do Conde, onde lhes nasceu um filho, Domingos Gomes, bisavô materno de Garrett, que de sapateiro alcandorou-se a mamposteiro, que era quem arrecadava os valores destinados a libertar os cativos. Domingos Gomes casou com Mariana Josefa de quem teve vários filhos, entre os quais José Bento, avô de Garrett, que emigrou para o Recife, mas antes de partir, prometeu entregar para veneração do Senhor das Pautas 10% do que viesse a ganhar no Brasil.

Alcançou a tão desejada fortuna e quando regressou à terra natal já enobrecido com o hábito de Cristo, em cumprimento da promessa feita décadas antes, mandou construir na igreja da Misericórdia de Vila do Conde uma capela que adorna o mesmo templo.

 

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