Numa notícia publicada na edição do jornal Público de 2 de Outubro corrente sobre as comemorações dos 75 anos da revolução chinesa, o autor do texto, António Saraiva Lima, inicia-o assim: «Nas comemorações dos 75 anos da China comunista…».

Que a China tem como estrutura dirigente um partido comunista é indiscutivelmente verdade, mas uma coisa é esse partido que, como é de sua natureza, se propõe concretizar a construção de uma sociedade comunista; outra, bem diferente, é a natureza da sociedade chinesa actual. E sobre essa natureza, é irrecusável na comunidade científica da área da economia que o sistema económico chinês ainda está longe de ser comunista. Há até quem o considere pura e simplesmente capitalista; outros salientam alguns mecanismos de controlo estatal da economia que poderão corresponder a uma economia socialista ou neokeynesiana. Mas comunista é que o sistema económico chinês, na era actual, não é.

Ora, a marca identitária imprescindível, porque essencial, de um país para que possa classificar-se como comunista é ter um sistema económico comunista. A forma como o autor da notícia a que nos referimos classifica a China na actualidade só pode criar confusão a um público cuja cultura política é já bastante precária.

Array