Os Vilacondenses já se encontram habituados a ficarem sem passeios durante o verão, já que para “atrair” turistas deixam-se estacionar carros indiscriminadamente em qualquer lugar. Mas este ano excederam-se as expetativas com a quantidade de festas, concertos e festivais durante todo o período estival. O que pelos vistos é estratégia comum a várias autarquias sendo que somados todos os contratos disponíveis publicamente, o bolo total é de 3,8 milhões de euros (Polígrafo, SIC) para a última época de verão em Portugal.
Esta obsessão em “encher os olhos ao povo” assemelha-se ao greenwashing corporativo. Assim como empresas fingem preocupação ambiental sem mudanças reais, os municípios praticam um “festivalwashing”, promovendo uma imagem de vitalidade e saúde económica através de eventos efémeros.
Esta maquilhagem festiva, contudo, é fugaz. Passado o verão, a realidade ressurge, revelando que a aparente vibração era apenas uma ilusão sazonal, deixando questões sobre o verdadeiro impacto e sustentabilidade destas estratégias municipais.
Embora os concertos, feiras, festivais e outros eventos culturais tragam inegável animação e movimento à nossa comunidade, é pertinente questionar o seu verdadeiro impacto económico, tanto a nível da cidade como do município em geral. Claro que nem sempre interessa fazer contas até porque o retorno está longe de suprir o investimento. Agora, se a intenção é lavar/maquiar então o investimento vai surtindo algum efeito junto dos mais distraídos.
Publicado no jornal (edição em papel) a 2 de outubro. Outras opiniões: Abel Maia, Adelina Piloto, João Paulo Meneses, Gualter Sarmento e Carolina Vilano.

