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Opinião
“Sexta-feira é dia de teste”, por João Paulo Meneses (opinião)
- Não há muito a dizer sobre o jogo em Braga: ganhou a equipa mais forte e quando o Rio Ave conseguiu sobrepor-se o guarda-redes adversário impediu todas as nossas tentativas. Verdadeiramente, o Rio Ave só acordou quando se viu a perder por dois e sobretudo por 3-0. E com o jogo partido e o Rio Ave mais lançado, acabámos goleados. Estará o Rio Ave a subir de rendimento, de jogo para jogo, como o treinador tem afirmado? Não consigo responder com certeza: o melhor jogo da época foi contra o Estoril, mas alguns minutos deitaram tudo a perder; domingo, em Braga, só jogámos para tentar reduzir a vantagem do adversário e regressamos a Vila do Conde com uma derrota pesada. O próximo jogo, esta sexta, frente ao Famalicão é, para mim, um teste decisivo. Se o Rio Ave está mesmo melhor tem de o mostrar, vencendo os famalicenses. Se isso não acontecer as desculpas do treinador começam a cansar.
- Lentamente, jogo após jogo, Freire tem vindo a meter os reforços. Este domingo foi a vez de Brandon Aguilera ser titular e mostrar bastantes qualidades. Os reforços, regra geral, são melhores do que aqueles que cá estavam, mesmo não sendo craques, e muitos adeptos estranham como é que alguns, do plantel anterior, ainda jogam, sendo exemplo disso o central Pantalon.
- Comecei como jornalista desportivo em 1986 (Freire tinha 1 ano…) e nunca parei de me interessar. Vale o que vale, mas não me lembro de ouvir um treinador dizer que gosta de treinar 30 jogadores e que prefere um plantel longo a um plantel mais curto (o Sporting e o Benfica têm 25 jogadores, por exemplo). No caso do Rio Ave, que tem 30 elementos, a situação é mais complexa porque 20 são reforços. Como integrar 20 reforços quase ao mesmo tempo na equipa? Quanto tempo isso demora? Como se gere as expetativas de quem não joga e sente que treina igual ou melhor do que os escolhidos? Dispenso-me de responder a perguntas que são, elas próprias, especulativas, reconheço, mas fixemo-nos no meio-campo do Rio Ave: oito opções para dois titulares (nas Aves ou frente ao Estoril), três no máximo. Quem é que, no seu juízo perfeito, quer ter cinco ou seis jogadores que não podem jogar de início? Como motivar jogadores a treinar a fundo se eles próprios sabem que não há lugar para todos? Seis elementos no meio-campo seriam mais do que suficientes (cinco seria a minha escolha). Acredito, sinceramente, que não foi o treinador que pediu tantos jogadores. Mas aceitou recebê-los. Não admira que, se vier a sair antes do tempo (o que não é bom sinal, diga-se), esse seja um dos argumentos a utilizar: ‘deram-me 20 reforços e um plantel de 30 jogadores e queriam que eu começasse a ganhar de imediato, quando estas coisas levam tempo’. Não por acaso, o treinador, num acesso de desconcertante sinceridade, disse antes do jogo com o FC Porto que “Na segunda volta o Rio Ave jogará quase de igual para igual com qualquer equipa.” Vai demorar uma volta inteira (16 jogos) até que Freire tenha a ‘orquestra filarmónica dos Arcos’ devidamente afinada? Espero que não.
- Volto a este assunto de uma forma breve, para não chatear os leitores: se for preciso dar um ‘puxão de orelhas’ ao plantel ou mesmo despedir o treinador, quem o fará? O patrão não será, porque nunca veio a Vila do Conde; o presidente está maioritariamente em Israel; sobra o único administrador executivo, que é um financeiro. Espero, por consideração à pessoa, que não peçam a Henrique Maia para o fazer, se também não contam com ele para as grandes decisões.
- Publicado no jornal (edição em papel) a de outubro. Outras opiniões: Abel Maia, Elizabeth Real de Oliveira, Adelina Piloto, Gualter Sarmento e Carolina Vilano.
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