São João, São João, acende a fogueira e esquece a inflação

Fogo de Artifício e Festa Branca, ninguém pensa nas contas da nação

Ouvem-se os concertos e soltam-se os balões, tudo é festa, nada de preocupação

Mas, setembro está já aí, e no fim das festas, alguém vai pagar… (não rima, nem é poético, mas é verdade)

De acordo com o estudo do BRP/Deloite, Portugal ocupa o 8º lugar no ranking de emigração, com um número crescente de pessoas à procura de melhores condições de vida noutros lugares do mundo, privilegiando a Europa. As causas para a emigração são diversas, mas a principal delas é a procura por oportunidades de crescimento, emprego e de melhores salários, sobretudo nos jovens e trabalhadores qualificados.

O impacto da emigração é considerável, tanto por via da perda de capital humano, como da perda de produtividade e redução da contribuição fiscal.

Em 2023, o país perdeu cerca de 1,5% do seu PIB para a emigração e prevê-se que possa atingir os 2% em 2024, mas o impacto da emigração não se limita à economia mas também no envelhecimento da população e no despovoamento acelerado de algumas zonas do país, comprometendo a coesão social, a par da perda de identidade.

Para enfrentar esse desafio, o governo português e as autarquias, necessitam implementar políticas que promovam a criação de empregos, o crescimento económico, a redução da carga fiscal sobre o emprego e empresas que geram estes empregos, para a promoção de melhores condições de vida.

Sem a redução da carga fiscal, tanto para as empresas, como para trabalhadores, será difícil atrair investimentos e reter talentos, sendo também necessário investir em políticas de imigração, para solucionar problemas imediatos de mão de obra local e de contribuições sociais, a par de políticas de longo prazo de promoção da natalidade, para diminuir a dependência de cidadãos estrangeiros, para a dinamização da economia e da sustentabilidade da segurança social. Tudo isto possível se existirem políticas orientadas para este efeito, em vez de festas e fogo de artifício.

Publicado no jornal a 10 de julho. Outras opiniões:  Romeu Cunha Reis, Miguel Torres, Pedro Pereira da Silva,  João Paulo Meneses e Sara Padre.

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