Opinião de João Paulo Meneses
1. Depois da vitória, confortável, inequívoca, frente ao Gil Vicente (3-0) eu e muitos Rioavistas pensaram que era aquele o momento de viragem. Que finalmente o Rio Ave mostraria a qualidade que o plantel tem desde janeiro e que teríamos um final de campeonato mais tranquilo. Afinal não foi isso que aconteceu. Na Amadora, este domingo, o Rio Ave empatou novamente, mas teve sorte (igualou aos 100 minutos, num jogo em que o adversário teve o dobro dos remates à baliza). Voltou a ser um jogo sonolento, sem garra, que apenas teve de diferente o golo de vantagem de Aderlan (que grande exibição do central!). A segunda parte foi ainda mais desinspirada do que a primeira. Com cinco jornadas para disputar parece certo que vamos sofrer até final. Coração sofre. Eu proponho que Luis Freire pague do seu bolso um eletrocardiograma a cada adepto, porque assim não dá…
2. Não é altura para se fazer balanços (primeiro vamos garantir a permanência e depois dizemos tudo o que há a dizer), mas há algo que não bate certo: as exibições do Rio Ave não melhoraram significativamente com a chegada dos 11 reforços. Nesse aspeto, Freire está a desiludir. Embaló estava a ser muito melhor do que Fábio Ronaldo (uma exibição perto do zero, na Amadora) mas não tem lugar na equipa. Vroussai, que cedo se percebeu que era uma mais-valia, demorou demasiado a entrar. E Adrien continua a jogar 15 minutos. Tenho para mim que os reforços estão a ser uma dor de cabeça para o treinador, em vez de ser um alívio. Talvez no fim da época ele possa explicar o que se passou.
3. Há 15 dias elogiei a iniciativa da Direção em levar mil adeptos ao Bessa. Histórico e entusiasmante. O que pensaram – e bem – os responsáveis do clube? Vamos manter esta dinâmica no jogo com o Gil Vicente, com oferta de bilhetes. Mas estiveram ‘apenas’ 3085 pessoas no Estádio, as mesmas que viram o Rio Ave – Famalicão da 5ªjornada ou o Rio Ave – Estoril (numa quarta-feira, da 19ª jornada). Parece claro que, não tendo sido um fracasso, a iniciativa merecia mais. Isto relaciona-se com algo que merece ser discutido: há muitos sócios que compram lugares anuais e que, pelas mais variadas razões, nunca vão aos jogos. Era interessante saber quantos lugares anuais estão vendidos e quantos lugares estão livres para semanalmente serem comprados pelos sócios e adeptos. O Estádio tem cerca de 5 mil lugares. Porque ficaram 2000 ‘desocupados’ (uma parte – 500? – é destinada ao público adversário)?
4. O futsal garantiu a permanência na segunda divisão e isso foi festejado como um grande feito. Desculpem, mas não concordo. O lugar da equipa é na primeira divisão. Andar a lutar pela manutenção na segunda é desprestigiante para este clube. Dirão alguns que não há dinheiro. Mas não é verdade: o futsal pertence ao clube e não à SDUQ e o clube deu mais de 100 mil euros de ‘lucro’ no último exercício. Invistam esse dinheiro numa equipa competitiva. Aliás, com a futura (sim, continuamos na mesma, à espera de notícias…) passagem do futebol para a SAD o que restará ao Rio Ave Futebol Clube se não o futsal e a escola de formação?
Publicado no jornal a 17 de abril. Outras opiniões: Miguel Torres, Elizabeth Real de Oliveira, Pedro Pereira da Silva, R. Cunha Reis e Marta Ramos. Na atual edição em papel:
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