Opinião de João Paulo Meneses

1. E vão cinco empates seguidos, três fora (Moreirense, Farense e Boavista) e dois em casa (Sporting e Braga). Resultado: a equipa não sai dos lugares de aflição. Pontuar fora é sempre positivo, mas o Rio Ave precisa de ganhar jogos para não chegar à última jornada com a corda na garganta (Benfica). Sábado, frente ao Gil Vicente, a equipa tem um teste decisivo. Um empate será um mau resultado.

2. Frente ao Boavista o Rio Ave repetiu o que tem feito em jogos com adversários de valia semelhante: entra sempre ‘a dormir’ e só ‘acorda’ na segunda parte ou quando se vê a perder. Mesmo com três avançados, a primeira parte foi sonolenta, sem oportunidades. Duas lesões nos primeiros 45 minutos não ajudaram. Freire mexeu ao intervalo (saiu o desinspirado Fábio Ronaldo e entrou Joca, com Embaló a subir na esquerda) e a equipa parecia outra. Poderia ter marcado logo no recomeço e até à expulsão de Boateng dominou o Boavista. Mesmo depois de ter ficado com menos um, ainda conseguiu empurrar o adversário, mas no quarto de hora final as duas equipas jogaram sobretudo para não perder.

3. No Bessa, o Rio Ave entrou em campo com apenas três reforços (Aziz, Teixeira e Embaló). Refira-se que durante a primeira volta, o treinador – e com razão – alertou para as limitações do plantel, mas agora que a segunda volta se aproxima do fim percebe-se que a base da equipa são os que cá estavam. Talvez no fim da época se consiga compreender porquê. Por falar em reforços: o que significa um jogador como Adrien não conseguir ser titular no Rio Ave (ele que passou a segunda parte a aquecer)? Que não está em forma? É ‘culpa’ do sistema tático? Mais uma nota: veio um defesa central que até agora não jogou nem foi convocado.

4. De acordo com informações oficiais foram mais de 1000 os Rioavistas no Bessa (17 autocarros), certamente uma das maiores deslocações fora de casa. É evidente que isso só foi possível porque a Direção ofereceu bilhetes e transportes a quem quisesse ir, fosse sócio ou não. As borlas são sempre polémicas entre os Rioavistas, mas eu aplaudo a iniciativa da Direção. Os adeptos do Rio Ave calaram o Bessa. Falta saber que percentagem destes adeptos estará sábado no estádio e se haverá alguma campanha de mobilização. Será uma desilusão se este movimento se extinguir já neste jogo, frente ao Gil Vicente.

5. A última vez que a Presidente da Direção falou sobre a criação da SAD e a venda do capital a um investidor foi na mensagem de Natal, já lá vão, portanto, mais de três meses (ficámos então a saber que em 2024 “viveremos novos momentos de alegria”, que nos permitirão “lutar pelos nossos sonhos” e que se abrirá “um novo ciclo, uma nova era de prosperidade, de grande crescimento e de afirmação do Rio Ave em Portugal no estrangeiro”). No passado domingo Alexandrina Cruz publicou uma mensagem de Páscoa, mas sobre o assunto nem uma palavra, direta ou indiretamente. Eu, como já expliquei, não estou a gostar deste silêncio.

Publicado no jornal a 3 de abril. Outras opiniões: Abel Maia, Gualter Sarmento, Adelina Piloto e Carolina Vilano.

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