A chuva que apareceu aqui e além, não conseguiu estragar o ambiente festivo da celebração, no passado dia 27 de março, do 128.º aniversário da Feira da Lameira, em Mosteiró. Habitantes daquela freguesia, e não só, juntaram-se no Largo da Lameira para percorrer a zona de vendas e que naquele dia até contou com a visita do presidente da Câmara, Vítor Costa.

O presidente da junta que foi o anfitrião, contou ao jornal Terras do Ave que “a primeira feira realizou-se no dia 25 de março de 1896” somente com “comerciantes locais” e num espaço bem mais acanhado. Todo o comércio era feito em “cerca de um quarto [da área] de agora”, especifica Amândio Couteiro, mas a sua localização especial que ainda hoje se mantém – à margem de uma estrada bastante concorrida e de passagem para várias freguesias nos movimentos do interior para o litoral (e vice-versa) – manteve os negócios vivos e permitiu o alargamento da área para “uma feira normal”.

Atualmente é “mais organizada e diversa” com vários vendedores de diferentes áreas, sendo que “a fruta e as plantas” são as mais transacionadas, revelou Amândio Couteiro. Os produtos são “frescos” e “naturais” fornecidos por “produtores da terra”, o que garante qualidade aos consumidores e também variedade: “temos a preocupação de ter sempre dois vendedores em cada área, no mínimo para que os clientes possam encontrar sempre tudo aquilo que procuram e comparar preços”, explicou.

E como andam as vendas? “Hoje [dia cinzento] vende-se muito mal”, contou-nos Linda Moreira, uma peixeira que já vende ali há cerca de 50 anos e que admite que, com outras condições do tempo, “costuma ser razoável”. Outra feirante, Maria Miranda, que também já se encontra ali a vender há mais de cinco décadas, declarou que “antigamente era muito melhor”, pois “vinham mais pessoas” que faziam aumentar o volume de vendas dos seus artigos de roupa interior. Já António Carvalho, outro vendedor, mas de enchidos e fumeiro, considera que a feira é frequentada maioritariamente por “pessoas de idade” e teme que as gerações mais novas não sigam o exemplo dos parentes mais velhos. É que, como complementou o presidente da junta, a feira acaba por ser também “um ponto de encontro das pessoas” residentes não só na União de Freguesias de Vilar e Mosteiró, mas também em “Guilhabreu, Vilar do Pinheiro, Aveleda, Modivas e Gemunde (Maia) e por aí fora”.

A feira da Lameira acontece semanalmente à quarta-feira, entre as 05h30 e as 12h30, sendo que o período mais movimentado situa-se entre as sete e as oito e meia da manhã, e por um curioso motivo: “As senhoras vão trabalhar, mas vêm à feira primeiro”, explica o autarca como que justificando a azáfama que levava os consumidores a não querer perder tempo em entrevistas. Amândio Couteiro fez questão de distribuir fatias de bolo de aniversário por feirantes e clientes e o grupo de percussão Ruxaxá, de Labruge, ajudou a marcar o ritmo de uma manhã com festa, mas com menos clientela do ansiado por quem tem de se levantar ainda de madrugada para, como ouvimos amiúde, “vender qualquer coisa para comer”.

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