Opinião de Adelina Piloto

A implantação da Liberdade em Portugal desabrochou na madrugada de 25 de abril de 1974, ao som da cantiga “Grândola Vila Morena, Terra da Fraternidade…” difundida pela Rádio Renascença. E, em apenas algumas horas, o Movimento das Forças Armadas (MFA) ocupou lugares estratégicos em todo o país, derrubou a ditadura sem derramamento de sangue e impôs um novo rumo à história nacional. Américo Tomás foi destituído do cargo de Presidente da República, Marcelo Caetano de Presidente do Conselho, a Assembleia Nacional foi dissolvida e proclamado o 1.º de Maio como feriado Nacional.

O golpe foi levado a cabo por um conjunto de capitães e, na madrugada de 26 de abril, a Junta de Salvação Nacional apresentou o Programa do MFA, isto é, as principais orientações políticas que iriam gerir Portugal até ser aprovada uma nova Constituição, dando assim início à democratização da sociedade portuguesa através de medidas que restituíram as liberdades fundamentais: libertação dos presos políticos; extinção da DGS (ex-PIDE); extinção da Mocidade Portuguesa; abolição da censura; reconhecimento da liberdade de expressão e discussão do problema da guerra colonial.

Mas o golpe militar, deu lugar a uma revolução que, durante 19 meses agitou fortemente o país, com crescente tensão e instabilidade política: três tentativas frustradas de golpe de Estado; seis governos provisórios; intervenção crescente dos militares na vida política; nacionalizações, reforma agrária; experiências de controlo operário e autogestão; multiplicação de iniciativas populares e desconfiança crescente das potências ocidentais.

Mas…, com esforço foi restabelecida a ordem democrática, a 25 de abril de 1975 realizaram-se eleições livres para a Assembleia Constituinte e a 2 de abril de 1976 foi publicada a Constituição, que garante os direitos e liberdades fundamentais dos portugueses.

Publicado no jornal a 3 de abril. Outras opiniões: Gualter Sarmento, Abel Maia, João Paulo Meneses e Carolina Vilano. Na atual edição em papel: R. Cunha Reis, Miguel Torres, Elizabeth Real de Oliveira, Pedro Pereira da Silva, João Paulo Meneses e Marta Ramos.

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