O diretor pedagógico da Escola de Artes da Vila (EAV) não afasta o cenário de encerramento se a situação financeira da instituição não melhorar nos próximos tempos. Em declarações ao jornal Terras do Ave, Jorge Casimiro, considerou que a situação não é nada favorável, não obstante a instituição ter as contas em ordem até porque, numa ação nas escolas, trabalha com o Estado. Mas a verdade é que tem sido à custa do sacrifício dos professores – o diretor gostava de poder pagar mais – e do apoio dos pais dos alunos (que mesmo assim “não cobrem nem metade os custos”) que a EAV vai conseguindo manter-se à tona. Faltam, pois, mais apoios financeiros institucionais que reconheçam e se adequem ao “trabalho de qualidade” que tem sido desenvolvido. Nesta altura, conta o diretor, a EAV “tem mais de 400 alunos” dos quais 380 são do concelho de Vila do Conde e que recebem formação de 18 profissionais habilitados e reconhecidos. A escola nasceu há nove anos no seio da Xilogaitas- Associação de Artes e Ofícios, de cariz não lucrativo, somente para o ensino da música, e com uma matriz inclusiva que “se mantém até hoje”: absorvendo alunos independentemente da sua capacidade, preferência de instrumento ou estilo musical. Jorge Casimiro que tem formação superior, recorda-se bem que entrou na música por intermédio de um “senhor que tocava no rancho” da sua freguesia, Malta, e teve de procurar aprender um pouco por todo o lado. Ora, com a criação da EAV um dos objetivos foi precisamente ajudar a dar oportunidades a quem, como ele, não as teve tão próximas.
Já a valência do teatro chegou mais tarde. Nasceu em 2017/2018, aproveitando uma experiência pedagógica no Teatro do Bolhão (Porto), desenvolvida pela atriz Sílvia Correia. Foram abertas duas turmas na escola dos Correios e Júlio / Saúl Dias, novamente sem apoio autárquico e o sucesso, enfatiza, “foi enorme”. Com a pandemia de COVID 19, a componente teatral foi suspensa (a musical ficou limitada à Internet) e a retoma deu-se com um curso livre que antecedeu o grande salto que significou a aprovação do Ministério da Educação para a EAV ser uma instituição de “Ensino Artístico Especializado” para as duas áreas em causa. Desde então, o seu impacto a nível nacional tem crescido ao ponto de ser a escola do género em todo o país a ter mais alunos a frequentar o curso básico de teatro (os seus docentes inclusive vão às escolas) e com um interesse crescente.
Ao todo são abrangidos 65 jovens de todos os agrupamentos escolares de Vila do Conde (mais um na Póvoa de Varzim) e este número ganha ainda mais força se for tido em conta que o ministério da Educação financiou apenas 150 vagas em todo o território nacional (10 para a EAV).
No passado dia 15, no auditório municipal poveiro, 54 alunos do quinto ano fizeram a sua primeira apresentação pública com um espetáculo sobre o 25 de Abril, intitulado “E depois do Adeus” e, segundo o diretor, comprovou “o trabalho de qualidade” que tem sido desenvolvido na EAV e que, também por isso, “merece ser apoiado” por todas as entidades e pela sociedade local.
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