Chegámos finalmente ao mês onde os filmes de terror são o prato principal das salas de cinema e se costumam ler o que vou escrevendo sabem que tenho um gosto especial por este género cinematográfico que já nos presenteou com inúmeros filmes clássicos e também uns tantos que não são assim grande coisa. O filme de que vos falo hoje está um pouco no meio desta balança genérica a que me referi, mas decidi falar nele porque foi um daqueles filmes que mesmo dentro de um género marcado pelo medo deixou-me bem-disposto depois de o ver.

O filme aborda um homem, com a síndrome boderline, que está obcecado com uma estrela da pop e acredita que os dois estão destinados a ficarem juntos. Paul, o tal homem decide tentar entrar na casa de Sofia, a estrela da pop e acaba por ser preso num instituto de doenças mentais. O problema começa quando Paul consegue escapar e decide voltar a tentar encontrar-se com a sua “amada”. A partir daí, sem querer entregar muito da história, gera-se uma aventura cheia de peripécias e momentos cómicos e assustadores. Na realidade, o ritmo do filme é tão intenso que nem damos pelo tempo a passar.

O que mais gostei neste filme foi exatamente a leveza com que se autoexplica. Não é um filme cheio de sangue ou mortes mirabolantes. É um filme tenso, com vários momentos de comédia e que mostram que o género do terror é propício a várias abordagens. Já todos vimos os filmes clássicos e os seus inúmeros remakes ou cópias baratas, mas a verdade é que existe uma grande variedade de opções com o que se pode fazer com uma história assustadora. Claro que temas pesados como alguém que persegue alguém ou que mata alguém não são coisas leves, mas se a arte existe é exatamente para pegar nestas histórias e a partir delas criar contextos onde podemos rir, chorar e pensar com os personagens. Acredito que quem viu ou vai ver este filme ficará interessado em saber mais sobre esta síndrome pouco falada. A síndrome Boderline ou para ser mais cientificamente correto, o transtorno de personalidade boderline é um tema pouco falado e que afeta mais pessoas do que pensamos. Se a partir de um filme, uma música, um quadro ou qualquer outra obra artística ficarmos mais por dentro destes assuntos importantes, então a arte está a fazer o seu trabalho.

Por último e não menos importante, este filme conta com a participação de uma atriz portuguesa. Alba Baptista interpreta Penny que é uma companheira de Paul dentro da instituição de doenças mentais e claro, vai ter um papel importante na escapatória e no desenrolar da trama de Paul. Pessoalmente fico muito feliz sempre que vejo um português num filme internacional e claro, fico ainda mais feliz quando a prestação é incrível como é o caso deste filme. Acreditem, a Penny é uma personagem que fica na memória.

Concluindo, Boderline é um filme de terror leve e cómico com momentos de ação e emoção. É um excelente filme para começar esta época de Halloween e uma curiosidade para terminar. Paul é interpretado por Ray Nicholson, o filho de Jack Nicholson por isso, não se admirem se enquanto estão a ver o filme parecer-vos que reconhecem aquela cara de algum lado.

Este artigo está na última edição em papel do seu jornal Terras do Ave (veja aqui)

Outros autores de opinião na edição: Miguel Torres, João Paulo Meneses, Joaquim Cardoso e Adelina Piloto. 

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