O Reverendo Bártolo Pereira está a ter um ano de 2025 com momentos marcantes e, desde logo, por a CMVC o ter distinguido no Dia de S. João Batista com a “Medalha de Mérito Cultural”. E nos seus 90 anos, foi-lhe prestada justa e merecida homenagem.

O acontecimento decorreu no passado dia 7 de setembro e foi luzidio com vários momentos solenes:  missa concelebrada na Matriz, almoço numa unidade hoteleira e, à tardinha, um belíssimo concerto na singela Capela do Desterro. Parabéns estimado amigo Padre Bártolo, foi um dia inesquecível!

O evento festivo contou com a participação de 200 convivas, entre os quais, a Câmara Municipal, antigos conterrâneos e amigos de infância, o ex-cônsul em Zurique e  muitas outras pessoas, que nutrem a maior estima e consideração para com o aniversariante.

O padre Bártolo é uma pessoa sobejamente conhecida, é uma personalidade de relevo no panorama religioso, social e cultural, é um Homem de coragem, de elevada estatura física, moral e cultural, com uma sabedoria, clarividência e pragmatismo extraordinários. É um Homem sociável e culto, tão culto como simples, íntegro, frontal e amigo sincero do seu amigo, com uma mentalidade aberta ao mundo.

Com a jovialidade dos seus 90 anos de vida intensa, potenciada pela diáspora que empreendeu, continua a desenvolver uma profícua atividade, que se espraia pelo múnus pastoral que exerce na Ordem Terceira de S. Francisco e na Capela do Desterro, pela música, toca piano e dirige o coro Santa Cecília, e pela cultura. Na vertente cultural, para além de promover a pesquisa e edição de trabalhos científicos, é ele próprio autor e editor de vários e interessantes livros, alguns com cunho autobiográfico, onde partilha as suas perspetivas vivenciais, o seu modo de analisar, ver, sentir e pensar a contemporaneidade.

Bártolo Pereira nasceu a 3 de setembro de 1935, na freguesia de S. Miguel da Lama, concelho de S. Tirso. Viveu a infância sob o terrível contexto da 2.ª Grande Guerra e, em sua casa não havia o costume de festejar o aniversário, confessou na comemoração dos 90 anos.

Ingressou em 1947 no Seminário de Braga, celebrou missa nova em 1959, e ano e meio volvido da sua ordenação, voluntariou-se para o serviço militar e partiu para Angola como Capelão Militar, “sem o cinismo da heroicidade”, confidencia num dos seus livros.

Nas ex-colónias portuguesas de Angola, Moçambique e Guiné, prestou apoio religioso, social e psicológico a milhares de soldados, que considera da sua família, numa pastoral entrelaçada com as confidências, desabafos e conselhos, “visível para quem tinha a capacidade de ver as coisas ocultas”, menciona num dos seus escritos.

Regressou das missões em África em 1975, com a patente de Major Capelão, aposentou-se do exército e, em 1981 parte para a Suíça, numa pastoral dirigida à comunidade portuguesa aí a residir. Regressou definitivamente ao seu país em 2005 e, em Vila do Conde, encontrou a hospitalidade propícia ao seu espírito dinâmico e devotado a grandes causas.

Este artigo está na última edição em papel do seu jornal Terras do Ave (veja aqui)

Outros autores de opinião na edição: Miguel Torres, João Paulo Meneses, Joaquim Cardoso e Carlos Real. 

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