- Acredito convictamente que se, na época em que o então presidente do Rio Ave FC decidiu gastar o que tinha e sobretudo o que não tinha para subir de divisão, tivesse havido oposição, vozes a alertar para os riscos e consequências, o Rio Ave não teria falido e não seria obrigado a vender a sua SAD a este investidor – até o poderia ter feito, mas noutras condições. Mas não. Todos ou quase todos, a começar pela então vice-presidente e a acabar em sócios anónimos como eu, ficámos calados e o resultado foi o que se viu. E se falo disto agora é apenas por, nesta altura, viveRmos exatamente uma situação que exige que as dúvidas sejam expostas. Alto e bom som. Falo da escolha da Presidente do Rio Ave FC, que faz parte da administração da SAD por inerência, sendo o clube minoritário, para presidente dessa mesma SAD – uma situação nunca vista entre os clubes da primeira divisão do futebol português.
- Nunca é de mais repetir, porque há muita desinformação e incompreensão, que o que eu espero e desejo para o Rio Ave é o mesmo que a Presidente e todos os sócios, os maiores sucessos. Mas isso não nos pode impedir de refletir sobre os eventuais riscos associados a esta nomeação. A primeira questão é saber se, sendo presidente da SAD, terá ou não funções executivas. Espero que não, porque isso aumentará os riscos de incompatibilidades. Falo essencialmente de questões éticas. Um exemplo: Marinakis decide que não constrói a bancada em 2028, mas em 2030. Pode ser bom para ele, mas mau para o Clube. Como votará a dupla-Presidente? Outro exemplo: o investidor decide fazer já o aumento de capital e fica com 90% do capital. Bom para ele, mau para o Clube? São especulações, é verdade, mas nesta fase apenas nos resta chamar a atenção. Penso que é mais útil do que a generalidade das reações registadas nas redes sociais: “beijinhos e parabéns”. Termino lamentando que uma decisão com este impacto tenha sido comunicada de forma tão lacónica, naquilo que considero ser uma falta de deliberada de informação aos sócios, tal como lamento que juristas com história no Rio Ave estejam em silêncio. O tal silêncio. Porquê?
Finalmente a primeira vitória. O adversário foi o mais fraco entre aqueles contra quem o Rio Ave jogou, mas a vitória está longe de se justificar apenas por demérito alheio. Penso que o Rio Ave entrou com o seu melhor onze, numa defesa a subir de rendimento e com três centrais muito agressivos (Brabec é craque) e um ataque mais inspirado do que jogos anteriores. Apenas a presença do extremo Spikic me deixa dúvidas, tal como não percebi o facto de haver apenas um avançado no banco: quando foi previso substituir este mesmo Spikic não havia um extremo disponível. Resultado justo (talvez 2-0 fosse mais rigoroso, face ao que se passou), mas acredito que esta vitória vai trazer ânimo para o que falta da primeira volta (metade), e vai juntar-se a outras.
Este artigo está na última edição em papel do seu jornal Terras do Ave (veja aqui)
Outros autores de opinião na edição: Miguel Torres, Adelina Piloto, Joaquim Cardoso e Carlos Real.
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