O navio-escola russo que tem dado que falar nas últimas horas pelo facto de Portugal estar a proibir a sua acostagem tem, na sua história, uma ligação a Vila do Conde.

Em 2017 o TS “Shtandart” esteve inclusive nos estaleiros de Azurara (depois de uma primeira visita em novembro de 2016), em concreto na empresa Barreto & Filhos, Lda, onde foram removidos os mastros e o convés para sua substituição.

Na ocasião, a vinda da fragata, “a réplica de um navio histórico russo, mandado construir em 1703 pelo czar Pedro, o Grande, para defender São Petersburgo, na Rússia”, como descreveu a Câmara Municipal, foi devidamente saudada porque encaixava na ambição da autarquia, então liderada por Elisa Ferraz, em obter a classificação das técnicas de construção e reparação naval em madeira de Vila do Conde como Património Cultural Imaterial Nacional e, mais tarde, como Património da Humanidade (UNESCO).

Eram tempos de paz e a autarca ofereceu inclusive ao comandante uma cópia do projeto da edilidade.

Foram, na altura, divulgadas as caraterísticas da “Shtandartd”: “Comprimento total: 33 m; Boca: 6,9m; Calado: 3,3m; Deslocamento: 220 toneladas; Propulsão: 3 mastros para velame, 1 grupés e dois motores auxiliares com 560cv cada; Altura do mastro principal: 33m”.

Além disso e reconhecendo a qualidade da carpintaria naval local, o capitão da réplica, Vladimir Martus, chegou a visitar os estaleiros de Azurara para aferir da possibilidade de ser construída em Vila do Conde uma réplica do “Cutty Sark”, o célebre navio escocês (1869) que fez o transporte de chá entre a China e Grã-Bretanha e que, nesta altura, é um navio-museu em Londres.

Um projeto que não foi avante.

No TS “Shtandart” “voluntários”, jovens russos eram ensinados a navegar à vela, mas não só, como explicou na ocasião Vladimir Martus, que recebera a bordo interessados de outros países com o mesmo intuito.

Agora, o comandante  viu a Marinha Portuguesa negar os pedidos de acostagem no Douro e em Cascais, por causa das sanções europeias aplicadas à Rússia.

A Autoridade Marítima Nacional justifica, em comunicado, que “a documentação recebida regista 22 pessoas de várias nacionalidades, incluindo de países terceiros a bordo do veleiro, que alterou, a 6 de junho de 2024, o estado de bandeira da Federação Russa para as ilhas Cook, no Oceano Pacífico, aplicando-se as medidas restritivas tendo em conta as ações da Rússia que desestabilizam a situação na Ucrânia definidas pelo Regulamento do Conselho da União Europeia”.

A proibição europeia sobre os navios russos foi emitida em 2022, incluindo as embarcações que, no futuro, mudassem de bandeira (o caso do TS “Shtandart”.

A Marinha acrescenta que está a acompanhar a navegação do barco ao largo.

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