- Enquanto houver campeonatos que permitem inscrições, depois de quase todos os outros encerrarem as portas, o futuro é uma incógnita. Quer isto dizer que até dia 12 podemos ver Clayton ou Miszta saírem para a Turquia ou para a Arábia Saudita, por exemplo, eles que são as principais estrelas da equipa do Rio Ave. Em Portugal o mercado fechou na segunda-feira da semana passada, mas, pelo que escrevi antes, a dúvida ainda persiste. Ainda assim, podemos falar dos 11 reforços que chegaram, a que se junta o jovem Lomboto, que estava emprestado. Muito? Pouco? A verdade é que saíram também 11, mas o mais importante não é a quantidade, mas a qualidade. Sendo que cinco vieram nos últimos dias e não tiveram oportunidade de se mostrar, os primeiros seis já cá estavam há algumas semanas e só um é titular indiscutível, o ala esquerdo Nikos. Acrescento que tenho muitas dúvidas de que haja lugar para mais do que dois dos restantes reforços. Falo do extremo brasileiro Lobato e do médio húngaro Támas. Se estiver certo, os outros são jogadores para ajudar, mas não para serem titulares. Espero estar enganado
- Um estudo publicado nos últimos dias na página em que escrevo regularmente (Reis do Ave) mostra que, nesta altura, o Rio Ave é o clube com o menor número de jogadores portugueses no plantel, o clube em que menos portugueses jogaram nesta fase do campeonato, o clube em que os jogadores portugueses somam menos minutos e em que a média de minutos por jogadores portugueses utilizados é mais baixa. Se eu prefiro um mau português a um bom estrangeiro? Claro que não. Mas em caso de igualdade prefiro o jogador português. O proprietário da SAD não tem essa preocupação e o Rio Ave é cada vez mais um terminal de aeroporto onde uns chegam e outros partem. O jogador mais antigo tem época e meia e é grego. Aliás, há mais gregos no onze do Rio Ave do que no onze do Olympiakos. Porque é que isso me preocupa? Porque há uma clara perda de identidade dos adeptos relativamente à equipa. Basta estar sentado na bancada para perceber que o adepto comum não sabe o nome de mais do que três ou quatro jogadores. Restam as camisolas e os golos, que fazem andar o futebol. Espero estar enganado.
- Não só foram três jogos completamente diferentes entre si como foram completamente diferentes durante os 90 minutos. Nacional: muito má primeira parte, reação pouco intensa na segunda; Arouca: primeira parte razoável, segunda parte muito boa; Braga: primeira parte positiva, segunda parte a ver jogar apenas. Qual é o verdadeiro Rio Ave? Vai ser preciso esperar mais algumas jornadas para se perceber. Gostaria que a segunda parte de Arouca fosse o guia para o resto do campeonato, porque, sejamos honestos, o Rio Ave fez 45 minutos bons frente ao Braga porque o adversário esteve a dormir. Com alguma probabilidade, nem o treinador sabe responder à pergunta. Sabe o que quer (a minha dúvida é se passarão a ser três avançados?), mas não sabe que Rio Ave vai encontrar nos próximos jogos. Espero estar enganado.
Nota: Este artigo está na última edição em papel do seu jornal Terras do Ave (veja aqui)
Outros autores de opinião: Romeu Cunha Reis, Miguel Torres, Adelina Piloto e Elizabeth Real de Oliveira

