Os eleitores do PS ganharam 8 das 13 eleições e tiveram, nas últimas, o pior resultado de sempre. Pela 1ª vez não haverá lista própria? A ser verdade, responsável existe.
O PS, em Mindelo, nas últimas autárquicas, teve o seu pior resultado de sempre. Abaixo de 23%, depois de ter chegado aos 54% em 2009. A estratégia seguida pela concelhia do PS revelou-se um desastre. Ao que se diz, depois de promessas incumpridas por parte daquele que veio a ser candidato do movimento independente – MMM, a concelhia decidiu, à última hora, mudar de tática e “importar” alguém do “aparelho”, de Gondomar, para “não perder por falta de comparência”, e servir como “isco” aos eleitores “socialistas” para ir às urnas, para que a candidatura à Câmara fosse catalisadora de todos os putativos votos.
Após um resultado que envergonhou os eleitores PS, o candidato “imigrante”, logo que devidamente “colocado”, “desapareceu”, ficando estes “entregues à sua sorte”. E, claro, não correu bem, como se antevia. Nunca os membros do PS em AF fizeram oposição, nem se afirmaram como alternativa. O PS de VC, nada quis saber, não deu orientações, não apoiou, nem deu suporte. Ignorou.
Face a esta situação e a algumas vozes que iam “correndo na praça”, aqueles que foram responsáveis pela definição estratégica e pela composição das listas do PS em Mindelo, entre 1989 e 2017 (28 anos, 7 eleições com 6 vitórias), escreveram à Comissão Política Concelhia de VC, em janeiro passado (há 6 meses, portanto) discordando dos cenários que se “perfilavam” para as próximas eleições, sugerindo que a escolha dos candidatos fosse devolvida aos mindelenses (militantes e simpatizantes do PS), cumprindo, assim, a ideia de descentralização e a boa prática revelada no passado, responsabilizando os socialistas locais pelo resultado, já que o líder da concelhia foi o responsável, por inteiro, do desastroso resultado de 2021. Curiosamente ou talvez não (porque essa tem sido a “imagem de marca” do atual poder de VC), não houve qualquer resposta. Perante esta ausência, os mesmos responsáveis, então líderes das candidaturas, “voltaram à carga”, há um mês, sem resposta ou consequência.
Salvaguardando as diferenças, importa considerar os resultados das últimas legislativas, recordando que o PS, em Mindelo, teve 21% dos votos, tendo tido 35% em 2022.
A menos de 3 meses das próximas eleições, os militantes e simpatizantes do PS não foram consultados para coisa alguma, o que indicia que de nada “valem”, excepto para votar, conduzindo a que o partido continue “morto”, como parece ser a estratégia de Vítor Costa.
Tem-se ouvido muitas críticas à atuação política dos órgãos concelhios do PS. Fala-se mesmo em traição. Àqueles que deram o “corpo às balas” em 2021, nada foi dito, sentindo-se traídos porque se fala que o PS de VC apoiará a candidatura independente MMM, então oponente, depois do líder da Concelhia ter sido atraiçoado, após ter arranjado emprego, ao líder do MMM. Não existe qualquer debate político interno, as pessoas não são envolvidas sobre o que, e como, pretendem o futuro da sua terra. Esta forma de atuar denota que se servem do PS, utilizando-o em seu proveito, esquecendo os seus princípios.
Será que, nas demais freguesias e, já agora, nos demais partidos, também, é assim? Se for, está explicado porque a democracia caminha, a passos largos, para o fim.
J A Pereira Cardoso (na foto)
Economista, Presidente JF Mindelo entre 1989/1997 e 2001/2008, independente, eleito pelo PS
Nota: Este artigo está na última edição em papel do seu jornal Terras do Ave
Outros autores de opinião: Romeu Cunha Reis, João Paulo Meneses, Miguel Torres, Pedro Pereira da Silva, Adelina Piloto, Elizabeth Real de Oliveira e Carolina Vilano.
Eis a primeira página (veja aqui).
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