O Rio Ave regozijou-se, em comunicado, pela obtenção de um terreno municipal que lhe permitirá expandir as instalações, “o que será fundamental para expandir, melhorar e reforçar a sua aposta formativa, oferecendo condições ímpares para a prática de desporto para crianças e jovens”.

A decisão foi concretizada ontem em Reunião de Câmara, com os votos favoráveis dos membros da maioria socialista e de Pedro Soares, vereador eleito pelo PSD (mas a quem o partido retirou a confiança política) e os vereadores do movimento NAU (Nós Avançamos Unidos), Elisa Ferraz e Pedro Gomes, votaram contra.

Mas vamos por partes.

O pedido do Rio Ave FC visava  obter uma área do município com 17 mil e 846 metros e 61 centímetros quadrados, localizada a norte do Estádio, para a construção de, refere o comunicado rioavista, “dois novos relvados naturais: um para apoio às várias equipas do clube que treinam em relvado natural, outro para a edificação de um miniestádio, que permita, por exemplo, às equipas de futebol feminino e sub23, realizarem os seus jogos em Vila do Conde.”

Surgirão “áreas ajardinadas, de lazer e de estacionamento” e o “projeto a concretizar nos próximos anos” contemplará, também, “a construção de um novo edifício anexo ao estádio, para instalações de apoio ao futebol profissional, uma nova bancada nascente, a renovação dos dois principais relvados sintéticos da Academia, entre outros melhoramentos”.

A informação clubista fala em “sonho antigo de muitos rioavistas e da atual direção, presidida por Alexandrina Cruz, que desde o início do mandato tem procurado sensibilizar a autarquia para a importância deste passo”.

Factualmente o mandato de Alexandrina começou em julho de 2023 , já passaram dois anos, mas a decisão da câmara surge somente agora, a menos de dois meses e meio (81 dias) das eleições autárquicas.

Em declarações ao Jornal de Notícias, Vítor Costa, presidente da Câmara considera que se trata de “uma medida com visão e responsabilidade, validada tecnicamente, que reforça o papel do clube na promoção do desporto e da coesão social”.

Pedro Soares aproveitou a sua página oficial no Facebook para puxar a brasa à sua sardinha: “com o voto favorável na reunião de hoje da CM de Vila do Conde, fica mais um compromisso eleitoral assumido em campanha e cumprido no meu exercício de funções como vereador”, lê-se.

Ao jornal Terras do Ave, Pedro Gomes (NAU) recordou que, em 2020, o seu movimento independente, que liderava o município, cedeu ao clube 8970 metros quadrados para a implantação de um relvado, também a norte do estádio, mas manteve-se a poente uma “reserva” de espaço, já antiga, para o Ginásio Clube Vilacondense (GVC) construir equipamentos entre os quais uma academia de ténis.

Ontem, os vereadores da NAU confrontaram Vítor Costa com esse facto, mas Pedro Gomes garante que o edil afirmou desconhecer qualquer compromisso para com o GCV, recebendo, em réplica, a crítica de que andou distraído, mesmo no seu tempo de vereador.

Pedro Gomes não tem dúvidas que a cedência aprovada ontem vai “matar” qualquer projeto do Ginásio, um clube que tem 800 atletas e que precisa de instalações próprias.

E no seu entende, o clube tem, nesta altura, motivos para estar revoltado.

Por  outro lado, a área cedida ocupará o espaço de uma via que chegou a integrar o conjunto de arruamentos (de acesso ao futuro hospital e de escoamento de tráfego naquela zona) previstos para o futuro hospital Vila do Conde /Póvoa de Varzim.

Aliás, as duas câmaras municipais chegaram a pagar um projeto de acessibilidades para ter maior poder reivindicativo (sobre a unidade de saúde) junto da Administração Central, que inclui a tal artéria que desaparece com a cedência.

Esse arruamento permitiria evitar que quem vai para Touguinha ou Touguinhó tivesse de passar em frente ao estádio.

Por estes dois motivos – o da acessibilidade e o da “morte” do projeto do GCV – os eleitos da NAU votaram contra.

Até este momento o Ginásio Clube Vilacondense ainda não se pronunciou sobre a decisão do executivo.

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