O Centro de Apoio e Reabilitação de Pessoas com Deficiência (CARPD) assinalou na passada segunda-feira o trigésimo aniversário da sua inauguração, mas a efeméride vai ser celebrada esta sexta-feira e no sábado, nas suas instalações, em Touguinha (Rua do Abrantes n.º 5), num evento público com entrada livre.

Um momento adequado para se conhecer melhor este ramo da Santa Casa da Misericórdia de Vila do Conde através de uma entrevista ao diretor do CARPD que encontra na íntegra na edição em papel do seu jornal, já nas bancas.

Para já, por aqui, publicamos o trecho em que Sérgio Pinto fala do evento “CARPD em Festa” e de outros assuntos conexos, ficando para breve a transmissão, neste meio, de outra parte da conversa.

 Sexta e no sábado vamos ter a iniciativa CARPD em festa que parece um festival com tantos artistas (ver alinhamento do programa em baixo nesta página)…

Temos tido muita sorte. Há sempre muita gente disponível para nos ajudar. Artistas e não só. Alguns são amigos dos nossos colaboradores, outros vêm um ano e depois querem repetir porque gostam do ambiente e da receção dos utentes. Ainda há, de facto, gente muito boa, o que nos permite fazer uma programação rica, variada.

Vão ser dois dias de animação consecutiva?

Sim, exatamente, entra um artista, sai outro, para criar dinamismo. A ideia é que quem vá, seja a que hora for, vá com a certeza de que vai encontrar animação. Haverá também jogos tradicionais, insufláveis e muitas mais diversões.

Destaca algo?

Com respeito por todos, destaco duas situações: a estreia da nossa rusga que se chama “Rusga Inclusiva” e que começou por um desafio do nosso motorista. E a possibilidade de todos visitarem o novo “Jardim Sensorial”, denominado “Despertar Sentidos”, inaugurado no dia do aniversário.

Como surgiu essa ideia de construir o jardim?

Na pandemia de COVID 19 tivemos, logo no início, 82 casos de infeção e ficámos ali presos. Foi complicado para as famílias e muito mais para os utentes. E começámos a pensar em criar mais respostas. Falámos com o nosso provedor, o engenheiro Rui Maia, que acolheu de braços abertos esta ideia. E através de um financiamento, na altura do Portugal 2020, fizemos o espaço que não será só para os utentes da Misericórdia, mas para todos, do concelho e de fora dele.

E o que integra?

Explora os cinco sentidos. É composto por quatro cantinhos. Tem plantas aromáticas para a parte olfativa, um canteiro para as gustativas (paladar), equipamentos para o toque e outro auditivo. Claro que o sentido da visão é o todo. Temos também um pequeno lago em que as cadeiras de rodas podem entrar, o que permite molhar os pezinhos e obter a sensação da água. Temos uma área descoberta, com cerca de 600 m2, e outra coberta, uma antiga gaiola, que transformamos e onde haverá equipamentos de exploração

Voltando à festa, o recinto também terá os inevitáveis comes e bebes.

Sim, temos ali uma mesa rica, com doces, bifanas, chouriço, sangria e pizzas artesanais que fazemos e que são muito boas…enfim muita variedade.

Tudo isto poderá angariar receitas…

Que são sempre aplicadas em algo para os nossos utentes. Já os levamos ao Vaticano e tivemos o privilégio de cumprimentar o Papa Francisco, já fomos a Lisboa ao Jardim Zoológico e ao Oceanário. Os que não conseguiriam estar tanto tempo ausentes por questões de cuidado ou agitação psicomotora, foram ao Jardim Zoológico da Maia e ao Sea Life, no Porto. Este ano, ainda vamos ver e mais tarde comunicaremos.

Haverá também a possibilidade de se adquirir trabalhos feitos pelos utentes?

Sim. Que durante o ano vão construindo, que temos sempre à venda, mas que agora se concentram. Se bem que são trabalhos tão bonitos e cada vez mais divulgados que, por vezes, esgotam antes da festa começar.

Em termos genéricos e de satisfação pessoal, os visitantes têm muito a ganhar?

Vou contar o que costuma acontecer na Via Sacra. Muitas das pessoas que veem a peça, emocionam-se e, no final, dizem: vou ser sincero, vim para apoiar os ditos deficientes, mas saio realmente de coração cheio. E às pessoas que ainda não conhecem a Via Sacra, costumo dizer-lhes: se gosta de si vá ver porque é um presente para si. Se gosta mesmo muito de alguém, leve essa pessoa porque é um presente para ela.  Não é um presente para os nossos utentes, é para quem assiste. A mesma coisa digo agora: vão porque verão alegria e serão recebidos abraços abertos.

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