Ao ar surpreendido com que muitos estrangeiros espreitaram para o interior do espaço de desfolhagem da Santa Casa (veja nesta página todos os locais), encostado ao Hotel Brazão, respondeu Maria do Céu, responsável pela sala, com um convite para participarem na tarefa que, por estes dias, envolve dezenas de vilacondenses e, como se comprova, também forasteiros.
“Chegaram com curiosidade e notámos que gostaram de participar”, conta a também responsável pelo Departamento de Culto e da Cultura da Misericórdia, que nunca deixa escapar aquela mão-de-obra temporária sem lhe fornecer uma explicação do que significam os tapetes para os vilacondenses, como surgiram (a sua ligação intrínseca à religião, com a procissão do Corpo de Deus) e porque é que são tão pormenorizados.
E certamente o que mais espantará quem não conhecer o esmero que os vilacondenses colocam na tarefa é o facto de nada ser feito ao acaso. Até os cedros que terão nos tapetes um papel menos garrido do que as flores (pampilhos, cravos hidrângeas), são cortados meticulosamente, com a tesoura em forma enviesada, em pequenos pedaços para o caule não se destacar. “Assim também não ficam amarelos antes do tempo”, explicou-nos Augusto Ribeiro que juntamente com Albertina Pena tratou do abastecimento dos “verdes” daquela unidade da Santa Casa(…)
“Convive-se e até se faz uma ou outra brincadeira”, contou Dionísio Reis, um dos coordenadores do centro de desfolhagem instalado no rés-do-chão da Associação Comercial e Industrial de Vila do Conde e que ficará responsável pela decoração da parte sul da rua da Igreja. Ali, são quase todos os voluntários chegam de outros pontos da cidade já que, com exceção de Lurdes Fraga (uma das entusiastas mais respeitada) aquela artéria já tem poucos moradores. Há mais serviços e comércio do que famílias. (…)
O futuro da tradição é também motivo de conversa mais a sul, no Solar de S. Roque, entre Lurdes Barroso, Alice Veiga e Joaquina Vidal. As três não tiram os olhos dos vegetais que vão despindo, mas, lá vão adiantando que a única diferença de um passado recente é a forma como as flores são obtidas.
Nos pontos que visitamos, todos os participantes aproveitaram para, por nosso intermédio, convidar os vilacondenses (e não só) para se associarem ao movimento em curso, que é essencial para a equipa que irá varar a madrugada anterior à saída da procissão no dia 19.
Eis então os locais de desfolhagem:
- Câmara Municipal – Arcada
- Santa Casa da Misericórdia – Sala 7
- Hospital
- Avenida Dr. João Canavarro nº45 – Junto ao Hotel Brazão
- Rua da Misericórdia nº 79
- Solar de São Roque
- Sede Rio Ave Futebol Clube
- Mercado Municipal – Espaço Junto à Peixaria
- Rua Cais das Lavandeiras nº49
- Convento do Carmo
- Espaço Banda Musical de Vila do Conde
- Museu das Rendas de Bilros
- Associação Comercial e Industrial de Vila do Conde
Esta é parte de uma peça jornalística maior que encontra na edição em papel do seu jornal Terras do Ave (veja 1.ª página aqui).

Desfolhar na Associação Comercial


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