Rita Oliveira sagrou-se, recentemente e pela 13.ª vez, campeã nacional de Karaté (variante de Kumite) e encontra na edição em papel do seu jornal Terras do Ave a entrevista na íntegra que aborda a sua carreira nos últimos anos. O trecho que, por aqui, publicámos ontem é focalizado mais nesse aspeto desportivo, mas na conversa global foram também abordados outros assuntos da vida desta vilacondense e que agora  reproduzimos. Destaque para a forma apaixonada como se refere ao seu clube, o Ginásio, e à sua terra natal, Vila do Conde.

Estudou em Vila do Conde, o desporto interferiu com o rendimento como aluna?

O desporto dá a disciplina e a organização que transpomos para outras áreas da vida. Não só na escola, mas na profissão e nas relações interpessoais. O desporto levou-me, isso sim, a ser uma melhor aluna.

Onde estudou?

Comecei na escola dos Correios, passei pela Júlio / Saúl Dias, Secundária José Régio e Escola Superior de Saúde do Politécnico do Porto.

É Licenciada em Fisioterapia, era a área que pretendia?

Sempre quis ir para a área da Saúde para ajudar os outros. Estive inclinada por medicina, mas outros fatores acabaram por se meter ao barulho e escolhi a fisioterapia. E estou bastante feliz por o ter feito.

E agora na clínica Fisionorte é a responsável por um serviço especializado.

Sou, nas áreas da fisioterapia pélvica e pilates clínico. E trabalhar com grávidas, mulheres em menopausa ou no pós-parto, mulheres com dores…tudo isso trouxe um 2.º mundo de eleição. Sinto que realmente consigo fazer a diferença ao ajudar mulheres a se sentirem bem e empoderadas.

Mas aposto que gostaria de ser profissional de karaté. Só que em Portugal…

É impossível. E a saída do karaté dos Jogos Olímpicos limitou ainda mais as possibilidades em Portugal. Temos de ter uma casa, de comer e outras coisas como qualquer outro ser humano, e ainda financiar, em parte, as competições internacionais. Ou seja, temos de ter uma profissão para além do desporto.

E quantas horas treina?

Cerca de 8 a 9 horas por semana. Mas há alturas que podem ser mais.

E tem cuidados especiais com a alimentação, descanso e outras situações?

É fundamental como qualquer atleta que queira atingir determinado nível. Por exemplo, estou no escalão mais alto, ou seja, supostamente não tenho um limite de peso, mas sinto a necessidade, a obrigação, de cuidar da minha alimentação e sou seguida por nutricionistas. Tenho cuidado com a higiene do sono e com o descanso geral, e preocupo-me com a minha saúde mental, sendo acompanhada por um psicólogo.

E tem tido apoio familiar?

Sem dúvida. Tenho pais e um irmão fantásticos. São o meu maior apoio e todos me ajudam muito.

E o que significa o Ginásio Clube Vilacondense para si?

Foi o clube que me ajudou a crescer, a ganhar a paixão por este desporto. Mesmo quando acabar a carreira e se seguir outros caminhos, o Ginásio vai ser sempre casa.

E o que é Vila do Conde para a Rita Oliveira?

Não me imagino a viver noutro lado. Viajando pelo mundo e tendo já percorrido tantas cidades, mantenho: não há nada como voltar a Vila do Conde. A nossa cidade tem uma qualidade de vida tão grande como nenhuma outra. Temos calma, tranquilidade, desporto. Somos felizardos por sermos de Vila do Conde.

E acha que a maioria dos vilacondenses tem ideia da dimensão da campeã que têm como conterrânea?

Acho que não. Mas não só o meu caso e em Vila do Conde. É no desporto em Portugal em geral, sobretudo as modalidades ditas amadoras. Há um desconhecimento dos atletas e dos seus grandes feitos. Devia existir mais notoriedade e visibilidade, por exemplo nos jornais desportivos.

Pode encontrar uma primeira parte da entrevista aqui ou na íntegra na edição em papel do seu jornal Terras do Ave.

 

Array