O concelho de Vila do Conde durante o século XIX e 1.ª metade do século seguinte teve uma forte corrente migratória para o Brasil, e no país tropical do samba alguns conseguiram alcançar a almejada fortuna, mas nunca esqueceram a sua terra natal, como referiu o historiador Jaime Cortesão, “punge-os constantemente a saudade da pátria e o seu ardente sonho é voltar a vê-la antes de fechar os olhos para sempre”.
E alguns contribuíram de forma generosa para o desenvolvimento da terra que os viu nascer, espraiando a sua ação benfazeja pelos diversos ramos de atividade, desde a abertura de estradas, à criação de escolas e ao apoio às instituições culturais e religiosas. Contribuíram particularmente para o apoio às festas e romarias e para o restauro e embelezamento da igreja do seu torrão natal, como aconteceu com Manuel Lopes da Silva Maia, que legou à paróquia de Mosteiró dois contos de reis em moeda brasileira, sem qualquer encargo, resultando do câmbio em moeda nacional a quantia de seiscentos e trinta e cinco mil oitocentos e setenta e cinco reis.
O legado foi apresentado a 19 de abril de 1896, pela Junta da Paróquia, e por unanimidade decidiram aceitar a oferta e testemunhar à família do extinto benemérito a maior gratidão. Na sessão seguinte, estava também presente José Antunes de Azevedo, da Botica da Lameira, encarregado de pagar o legado de Manuel Lopes da Silva Maia, sendo a Junta de Paróquia embolsada do valor e passou a devida quitação. O valor da generosa dádiva foi gasto exclusivamente em obras de reparação do cemitério e da igreja de S. Gonçalo de Mosteiró, assim como para o embelezamento do templo, sendo as aquisições mais dispendiosas, a compra de um sino e de um relógio para a torre da igreja.
Este é um dos artigos de opinião que estão na última edição em papel do seu jornal Terras do Ave.
Outros autores: Abel Maia, Gualter Sarmento, Pedro Pereira da Silva e João Paulo Meneses.
(veja a 1.ª página aqui)
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