A propósito do Dia da Rádio (13 de fevereiro), falamos com Rui Rodrigues, que durante décadas fez comentários de futebol em Vila do Conde, Póvoa de Varzim e Vila Real.
O que significa para si a rádio e a comunicação social em geral?
Significa muito porque comunicar futebol é sobretudo fazer os ouvintes e os leitores entenderem e pensarem o jogo. O jogo evoluiu e o contexto da comunicação também – não nos podemos esquecer da importância, por exemplo, das redes sociais – mas orgulho-me de procurar abordar o futebol de uma forma positiva para o credibilizar e valorizar. E a rádio permite isso, claramente.
Como é que começou esse “bichinho”?
De uma forma natural. Treinei o Vilarinho, da Divisão de Honra da Associação de Vila Real, e, no ano seguinte, recebi um convite para comentar as partidas do Vila Real, na Rádio Voz do Marão. Acharam interessante a forma como eu abordava o jogo.
Quais as rádios em que colaborou?
Na Voz do Marão, na Linear [Vila do Conde], Onda Viva [Póvoa de Varzim], e fiz também alguns trabalhos para a Antena 1 Madeira e Antena 1 Açores. Tenho muita pena que Vila do Conde não tenha, nesta altura, uma rádio que, no FM, transmita relatos ou dê notícias sobre o concelho.
Quais foram os momentos que mais o marcaram?
Comentar as três finais do Rio Ave: Taça de Portugal [2013/2014], Taça da Liga [2013/2014] e Supertaça [2014]. Acabei por ser um privilegiado e fiquei na memória de muitos vilacondenses a quem agradeço sempre o carinho que demonstraram. E depois [me marcaram] também os jogos da Liga Europa e, entre todos, contra o AC Milan. Acabei a comentar os penaltis [foram 17] em pé. É também importante que diga que trabalhei com grandes profissionais ao longo da minha carreira, alguns dos melhores do país, e também por aí tive momentos bons na rádio. Porque nada se consegue sozinho. De resto, conheci o país e quase todos os campos de futebol. E levei a minha ideia às pessoas, que era o meu sonho.
E na programação?
O programa “Pontapé de Canto” [Rádio Linear e posteriormente na Onda Viva] e devo fazer um agradecimento ao João Paulo Meneses que esteva na sua origem. Julgo que foi uma lufada de ar fresco no comentário nacional. Muitas pessoas ligavam o rádio só para ouvir a forma como os próximos adversários do Rio Ave poderiam jogar. Uma análise estratégica, técnica e tática que ainda hoje falta na presença mediática, incluindo a rádio.
A análise desportiva dá muito trabalho?
Muito. Tem de haver muito rigor e acho importante dizer isso a quem está a começar. Por exemplo, eu levava sempre os jogos preparados e tinha o cuidado de conhecer os sistemas e as estratégias das equipas envolvidas. Isso obrigava a um trabalho permanente de acompanhamento do desenvolvimento técnico e tático que as equipas vão tendo ao longo da época.
Como treinador por onde já passou?
Tirei o primeiro nível e comecei no Belém [Póvoa]. Passados três meses estava em Vila Real a treinar o Vilarinho. Depois com um grupo de amigos construímos a Associação Desportiva de Futebol de Real, a Real Foot, uma escola de formação de atletas jovens que, na altura, foi também uma ‘pedrada no charco’ em Vila do Conde. Depois, estive no Vilar Pinheiro e nas academias do Sporting na Póvoa de Varzim e em Barcelos, em ambas como coordenador de treino técnico individualizado. Em Barcelos nos últimos dois anos. Dei também a cara pela Póvoa Futebol Clube, que ainda hoje está federado.
No presente está ligado a algum clube?
Fiz uma pausa.
Pensa retomar?
Vamos ver. Sempre trabalhei para ser o melhor, tanto no comentário como na formação, mas respeito todas as formas e identidades. Acredito que a formação é um processo pedagógico inacabado que deve, acima de tudo, divertir os miúdos. Eles têm de ter prazer em jogar à bola. É verdade que tive sempre grandes resultados, mas isso foi sempre um processo secundário. Diria que olho para o futebol como uma forma de arte em que, com conhecimento, se consegue potenciar a qualidade técnica dos atletas.
Qual a certificação que possui?
O segundo nível da UEFA
Como é que vê o estado do futebol em Vila do Conde?
Penso que o principal representante, o Rio Ave, tem feito boas campanhas e que o futebol popular se tem desenvolvido de uma forma interessante. Já há equipas muito competitivas e com boa qualidade de jogo.
O que representa o futebol para si?
Uma vida. Tenho uma paixão exacerbada pelo futebol e quem fala comigo penso que sente isso. Quando tirei o 12º ano, escrevi no meu relatório final que o meu maior sonho era possibilitar ao maior número de atletas que jogassem federados uma vez na vida. Consegui. E sinto-me realizado. A partir daqui o que vier será sempre bem-vindo.
Encontra esta entrevista na íntegra na edição em papel do seu jornal Terras do Ave como a que está nas bancas (veja a 1.ª página aqui)
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