Na sua tradicional mensagem de Ano Novo, o Presidente da República apresentou uma análise lúcida do panorama global e nacional, traçando um retrato realista dos desafios que Portugal enfrenta em 2025. O discurso, embora cauteloso, revelou preocupações fundamentais sobre o futuro do país e da Europa num mundo cada vez mais complexo.

A mensagem presidencial destacou três dimensões críticas: o contexto internacional turbulento, marcado pela continuidade das guerras e instabilidade económica; o papel crucial da União Europeia num momento de redefinição das alianças globais; e os desafios estruturais de Portugal, que persistem 50 anos após a Revolução dos Cravos.

Particularmente relevante foi a ênfase na necessidade de modernização da economia portuguesa. Com 16 mil milhões do PRR para investir nos próximos dois anos, o país tem uma oportunidade única de se reinventar. Contudo, o histórico de execução desses fundos – apenas 6,3 mil milhões utilizados até agora – levanta sérias questões sobre nossa capacidade de aproveitamento pleno e eficaz destes recursos.

O Presidente abordou também a persistente chaga da pobreza que afeta dois milhões de portugueses – um número alarmante que evidencia o fracasso das políticas sociais das últimas décadas. Este dado, combinado com as crescentes desigualdades sociais e territoriais, exige uma reflexão profunda sobre o modelo de desenvolvimento do país.

A renovação da democracia portuguesa, outro ponto crucial do discurso, merece especial atenção. Num momento em que as democracias ocidentais enfrentam desafios sem precedentes, é vital fortalecer as nossas instituições, combater cada vez mais a corrupção e promover maior participação na vida política.

O futuro económico e social de Portugal precisa ser acompanhado de ações concretas. As eleições autárquicas no final de 2025 serão um teste importante para medir o pulso da democracia local e a capacidade de renovação política do país.

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