O mandato do executivo camarário não fechou sem que houvesse mais um ponto de fricção numa reunião de câmara (a 98.ª sessão desde o início do mandato) e novamente entre Pedro Gomes, eleito pelo movimento Elisa Ferraz/nós Avançamos Unidos (NAU), e o presidente da Câmara, Vítor Costa (PS).
O momento foi tão inusitado que inclusive o edil ordenou a suspensão da reunião por 5 minutos para tentar travar a sobreposição de vozes do vereador da oposição e da funcionária a quem Vítor Costa tinha dado instruções para prosseguir com o anúncio da agenda mesmo com Pedro Gomes a querer falar.
A chegada a esse momento limite, ocorrera depois do eleito da NAU ter, mais uma vez, solicitado a documentação que já pedira há muito tempo: o relatório sobre eficiência energética, os contratos de contratação de artistas à firma Miguel Castro Oliveira Unipessoal e o relatório de auditoria às contas do mandato passado.
Vítor Costa disse que responderia no final da reunião, mas tal acabaria por não acontecer.
(Logo ali o ambiente ficou mais tenso)
A seguir ao “clássico” de pedido dos documentos, o vereador da NAU leu uma “declaração política” sobre o mandato e na qual, entre outras considerações, enumerou as “promessas” e concluiu desta forma, referindo-se ao presidente eleito pelo PS:
“ (…) estamos perante o pior dos piores, o que nem dentro dos que são do seu partido nutre qualquer simpatia. Só mesmo quem está doente poderá afirmar que Vítor Costa é o homem certo para o lugar de Presidente da Câmara. Comparar Vítor Costa a Elisa Ferraz é o mesmo que comparar a mentira com a verdade, comparar o mau carácter com a honra e a lucidez de servir Vila do Conde. Será possível ter acreditado e voltar a acreditar na personagem de Vítor Costa? Foram os 4 anos mais negros da nossa milenar história”.
(Na sala, compreendeu-se que alguns dos termos tinham deixado incomodado Vítor Costa)
Finalizada a intervenção de Pedro Gomes, pediu a palavra Pedro Soares que disse ter “começado eleito pelo PSD e vai terminar como eleito pelo PSD, independentemente do que alguns queiram” (recorde-se que a concelhia social-democrata retirou a confiança política ao vereador) e aproveitou a despedida para justificar a sua postura “de diálogo” com o presidente da Câmara, não obstante os pontuais desencontros, em nome do progresso local o que o deixa de “consciência tranquila”.
“Mas está tranquilo quando é negada à oposição documentos?”, questionou Pedro Gomes.
“Sempre que precisei de um documento tive acesso, comigo não falharam”, contrapôs Pedro Soares.
Na ressaca, Pedro Gomes disse então tinha ainda para apresentar “uma proposta” naquela fase, esbarrando na permissão de Vítor Costa que alegou tal situação – a submissão de uma “proposta” – só seria possível no período da Ordem-do-Dia e deu instruções para que a reunião avançasse.
Mas o braço-de-ferro não terminara.
Pedro Gomes disse que mudava o documento de “proposta” para “declaração política” para poder entrar naquele período da reunião.
Vítor Costa perguntou à vereação se aceitava aquela modificação e face à reprovação dos restantes vereadores, o presidente não aceitou a alteração, emitindo nova ordem à funcionária para fazer a leitura da agenda.
A trabalhadora assim fez, mas Pedro Gomes também não se calou e durante algum tempo aconteceu o tal momento pouco edificante de sobreposição de vozes dos dois no Salão Nobre, para espanto do publico presente.
Vítor Costa suspendeu a reunião por cinco minutos, apelando ao bom senso.
Pedro Gomes reiterou que a lei proibia o presidente de o impedir de emitir declarações políticas e, apanhando um silêncio perdido e sem baixar o tom, leu rapidamente a tal declaração.
O documento limitava-se a revelar que a ordem de trabalhos da sessão não tinha remetida para os vereadores da NAU com 48 horas de antecedência, como impõe a legislação, logo ele, Pedro Gomes, não votaria na Ordem de Trabalhos.
Compreendeu-se então a sua insistência para ler a “declaração” antes da abertura da agenda e, de facto, o vereador não votou em qualquer alínea. Assim, todos os pontos acabaram por ser aprovados por unanimidade incluindo o da ampliação do campo de futebol de Vila Chã, da cedência de um espaço no edifício Apolo para a Associação Cabe Cave e sa atribuição de um voto de louvor à campeã de bodyboard Luana Dourado.
Faltaram Elisa Ferraz (NAU) e Sara Lobão (PS) .
Foto : arquivo
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