Pelas páginas do jornal Terras do Ave já passaram as entrevistas, em 11 de julho, a Pedro Silva (Chega) e Nádia Marques (PCP(PEV); em 10 de setembro a Humberto Martins (Bloco de Esquerda /PAN), 23 julho a Carlos Macedo (Iniciativa Liberal).

E mais longínquas no tempo, a Luísa Maia (PSD-CDS) no 22 de janeiro e, em 27 de novembro, a Vítor Costa (PS), mas este último só sobre questões camarárias. O candidato socialista e o seu partido ignoraram sempre as questões do nosso jornal e mesmo assim, o Terras do Ave, foi transmitindo informação sobre o PS como fazemos, aliás, a propósito do debate da passada 5.ª feira.

Num contexto de extinção do Movimento Nós Avançamos Unidos (NAU), que ficou em segundo lugar nas últimas eleições autárquicas, a direção do jornal entendeu por bem dar a conhecer mais sobre a candidata (e as suas ideias) que, pelo histórico de resultados eleitorais, pode ser, nesta altura, a alternativa ao poder instalado, no caso o PS.

Daí, a entrevista que agora publicamos a Luísa Maia , num primeiro trecho (o segundo será amanhã, mas encontra na íntegra na edição em papel que já está nas bancas)    

 

Como é que tem ocorrido a sua campanha no terreno?

Tem sido uma onda crescente. O apoio e a envolvência têm-se tornado mais fortes de dia para dia. Por exemplo, a apresentação dos nossos candidatos às juntas de freguesia foi, no conjunto, uma agradável surpresa, com reações muito positivas e pela energia que todos transmitiram.

Tem sido bem recebida e reconhecida por onde tem passado?

Muito. Diria que o reconhecimento advém também da elevada qualidade das nossas equipas. Temos grandes candidaturas, excelentes cabeças-de-lista e pessoas que as acompanham. Por outro lado, os vilacondenses encontram em nós pessoas com uma vontade imensa de mudar, uma alternativa que conseguirá travar o sentimento de descontentamento que o presidente da câmara conseguiu espalhar pelo concelho, especialmente pelas freguesias.

Vê os vilacondenses motivados para as eleições ou é o vosso trabalho político que os está a sensibilizar para a importância do momento?

O que tenho sentido é, de facto, que há um grande descontentamento. Mas não utilizo aquela conversa populista de que “os políticos são todos iguais e por aí fora…”  porque uma das minhas principais motivações para ser candidata, foi a de acreditar que é possível e necessário credibilizar a política, mesmo mostrando que somos diferentes. Que estamos nisto como numa missão e não para nos servirmos da política.

É o que garante por todos que estão na Aliança por Vila do Conde?

Repare, os nossos candidatos são pessoas que querem servir na política, mas no dia a seguir às eleições, seja qual for o resultado, têm os seus empregos, a sua vida. Estamos nisto porque acreditamos que Vila de Conde pode ser um concelho muito melhor e que os vilacondenses merecem ver atendidas as suas necessidades básicas, mas jamais para fazer da política um trampolim para carreiras políticas ou algo semelhante.

Mas acredita numa vitória?

Acredito totalmente. Chegou a hora da mudança. Nós, na Aliança por Vila de Conde, acreditamos que é agora! É agora que os vilacondenses vão dar-nos a vitória. Dar a confiança para efetivamente, juntos, mudarmos o paradigma de Vila de Conde.

Tem encontrado muitos indecisos?

Sim. E mais do que indecisos tenho encontrado muitas pessoas que querem uma mudança, mas que o fazem de maneira silenciosa porque em Vila de Conde ainda há um clima de medo e de receio. Muita gente diz-nos – o meu voto é vosso -, mas acrescenta logo a seguir; eu não falo e não me posso manifestar.

E como se combate isso?

Fazendo apelos e o meu primeiro é para que todos votem. Não deve aumentar o absentismo quando há tanto descontentamento. E depois, que todos não se esqueçam de que o voto é secreto. Até perante aqueles que nos levam a votar. Na cabine de voto, cada um tem a decisão na mão, sem interferências. O poder que a democracia lhe garante e que pode concretizar a mudança.

Desta vez não concorrerá o movimento NAU, conta receber mais votos dessa lista independente?

A Aliança por Vila do Conde assentou na junção de dois partidos, PSD e CDS, mas assumiu também, desde o início, o objetivo claro de agregar independentes. E isso vê-se nas nossas listas com candidatos mais conotados com outras correntes políticas. No caso da NAU estamos muito honrados com a adesão de pessoas como a Sofia Castro, o João Paulo Maricato, o Ricardo Ciríaco, a Daniela Correia e tantos mais. A candidatura, globalmente, é muito eclética, diversificada e com várias sensibilidades políticas. E sente-se na Aliança uma verdadeira união, sem amarras com ideologias ou com o passado. O único objetivo é melhorar as condições de vida dos vilacondenses.

A lista para a câmara tem profissionais de várias áreas, parece constituída a formar uma vereação?

Toda a lista foi muito projetada e planeada por áreas de atuação profissionais, é verdade. É também intergeracional e com pessoas de vários pontos do concelho. Entendemos que não só a sede do município que deve estar nesta abrangência, que é a pedra de toque da candidatura.

A ligação com o CDS está a correr bem?

Lindamente. O CDS é um parceiro natural em Vila de Conde e candidatura ajudou-o também a estar mais vivo. Portanto, acho que é bom para todos.

E como é a lista para a assembleia municipal?

É uma excelente equipa. Temos um protagonista, um líder por excelência, reconhecido a nível vilacondense e não só, pela sua competência política e profissional, e credibilidade. Não tenho dúvidas de que o Miguel Paiva dignificará muito a Assembleia Municipal com a sua experiência e levará novamente a respeitabilidade à “Casa da Democracia”. E muito nos orgulha ter pessoas de tanta qualidade como o Nuno Maia, a Fátima Augusto, entre tantos outros…

O João Paulo Maricato, da NAU…

João Paulo Maricato que é um grande nome da NAU e que muito nos orgulha, sim. Foi o nosso mandatário judicial, e acho que é uma das pessoas que a política de Vila de Conde não pode perder. Mas temos também vários jovens, e aqui tenho de sublinhar isto, porque acreditamos neles. O Presidente da Câmara perdeu a Capital Europeia da Juventude porque a sua candidatura não deu importância à entrada de jovens. Nós já o fazemos há muito, mas não é para dar nas vistas. Nós ouvimos, sobretudo fora do período eleitoral, acolhemos as suas propostas, chamamos para as reuniões, promovemos formação, os jovens sentem que são uma nossa grande aposta.

E para as Juntas de Freguesia apresenta mais candidaturas. Como foi possível?

Colocamos muito empenho na construção das listas. E conseguimos ter connosco independentes que se sentem confortáveis na coligação. Porque sabem que independentemente da sua origem, têm aqui a sua expressão. Eles não precisam (e nós também não) andar mascarados. Ao contrário da candidatura incumbente [PS] que diz apoiar independentes, que de independentes não têm nada. Andam nos cartazes e nas sessões com Vítor Costa e, pelo que se vê, só serviram para o líder da concelhia menosprezar e ajustar contas com antigos militantes socialistas. Nós, pelo contrário, não deixámos ninguém para trás.

As freguesias de Vila do Conde e Árvore juntas têm quase metade dos eleitores, é aí que vai colocar “mais fichas”?

Não estamos na política dessa forma. A nossa aposta em Árvore é grande, de facto, porque na oposição fizemos mais por Árvore do que fez o Presidente de Câmara. Fomos nós, através dos membros do PSD na Assembleia de Freguesia, da Comissão Política do PSD, dos deputados do CDS e do PSD na Assembleia da República, que tornámos possível elevar Árvore a Vila. É sempre bom lembrar que esse foi um trabalho feito na oposição, não enquanto poder. E, portanto, nós não olhamos para a Árvore só agora, em tempo eleitoral, a nossa preocupação com a população já vem muito de trás. Veja outro exemplo: fomos a Arcos, mostrar as nossas equipas à Câmara e Assembleia, e lá não temos candidatura à Junta. Ou seja, a política para nós é muito mais do que contar votantes. Queremos ter representatividade junto de todos os eleitores. Olhar da mesma forma para todas as freguesias, independentemente do número de votos. Para nós, as pessoas não são números.

E se ganhar as eleições ficará como vereadora?

Ficarei como vereadora para fazer exatamente aquilo que me propus, defender os vilacondenses. Na oposição também é possível fazer trabalho.

E se vencer sem maioria absoluta, com quem fará uma eventual coligação?

O cenário de Vila do Conde é muito imprevisível e teremos mesmo de aguardar os resultados eleitorais.  Porém, o que lhe posso dizer é que eu sou uma pessoa de consensos, como já demonstrei nesta Aliança e estarei disponível para ouvir e conversar.

Exceto, provavelmente, com o PS.

Estamos há 50 anos com o modelo socialista, com quatro anos de um movimento independente, logo se queremos mudar o paradigma, não se prevê tê-lo na solução. Temos, todavia, de ver também o que irá acontecer no resto do país e prefiro mesmo não adiantar cenários.

 

As notícias sobre política integram habitualmente a edição em papel do Terras do Ave como a que já está nas bancas (veja aqui)

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