O que se apregoa em muitos locais culturais europeus é que Berlim é uma das capitais europeias onde a dinâmica multicultural tem sido claramente beneficiada pela abertura a diferentes intervenções artísticas, tradições, povos, ideias e orientações.

Para tiráramos a prova dos nove, recorremos a alguém, de Vila do Conde, que está bem por dentro desse movimento criativo e que nos aferiu se essa ideia, vista de fora, corresponde à realidade.

A maestrina Jo Maia foi, pois, a convidada da nossa rubrica “Itinerâncias”, uma entrevista que encontra na íntegra na edição em papel do seu jornal Terras do Ave que está nas bancas.

Ela dirige uma orquestra, coros organiza cursos, enfim… tem uma atividade diversificada. 

Por agora temos a oportunidade de publicarmos um trecho dessa conversa (abordando primeira parte da sua carreira), deixando para a amanhã o complemento

 

Dando um pouco a conhecê-la aos nossos leitores onde fez o ensino primário? E gostou?

Frequentei a escola de Areia, Árvore e gostei imenso da experiência, sobretudo graças à minha professora Anabela, uma pessoa de uma gentileza rara, com um coração imenso e que, já nos anos 90, tinha uma visão muito à frente do seu tempo.

O 2.º ciclo e secundário foram concluídos em que escolas?

Nas escolas Júlio/Saúl Dias e José Régio

 Li que começou por estudar guitarra, era (é ) o seu instrumento de eleição e foi algo do momento?

A guitarra é, sem dúvida, o meu instrumento de eleição. É ao mesmo tempo harmónica e melódica, com uma flexibilidade que a torna perfeita também para música de câmara.

E como se dá a transição para a música clássica?

Não houve propriamente uma transição. Logo após aprender alguns acordes, mergulhei quase de imediato no repertório clássico.

Qual o seu percurso na formação musical?

Iniciei os estudos no Conservatório de Vila do Conde e concluí o 8.º grau na Escola de Música Óscar da Silva. Mais tarde passei pela Restart, pela ESMAE e pelo Orfeão da Foz do Douro, até ingressar na Academia de Direção da Orquestra da Costa Atlântica, onde aprofundei os estudos em direção. Depois dessa etapa em Portugal, expandi a minha formação internacionalmente, frequentando aulas e masterclasses em vários países da Europa.

 Além da música estudou também contabilidade. Como é que compatibilizou essa liberdade criativa da música com o rigor e disciplina dos números?

Como em tudo na vida, é essencial encontrar equilíbrio. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra

 É mais um caso de que, em Portugal, uma artista não sobrevive bem só do seu míster e, por isso, tem de garantir uma atividade mais tradicional, diria, para assegurar segurança financeira?

No meu caso, a contabilidade nunca foi uma necessidade, mas sim uma escolha consciente e também uma paixão.

 Quando decidiu emigrar, 2021 o que estava a fazer no campo da música e profissionalmente? 

Como em 2021 estávamos em plena pandemia e confinamento os meus projetos musicais estavam pendentes. Daí ter sido mesmo o momento certo para emigrar.

 Partiu chateada com o país?

Não diria chateada, mas desiludida. E continuo desiludida com certas atitudes que ainda encontro no meu país. É triste ver que algumas pessoas se consideram superiores apenas pela cor da pele ou pela orientação sexual.

E pronto, terá oportunidade de amanhã conhecer outra vertente da entrevista a Jo Maia (Joana Maia) que está a contribuir, em várias vertentes, para a vida cultural de Berlim.

As notícias sobre Cultura integram habitualmente a edição em papel do Terras do Ave como a que já está nas bancas (veja aqui)

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