Nota prévia:

este artigo foi publicado na edição em papel em 24 de setembro, ou seja,um dia após a realização do Benfica X Rio Ave. No entanto, aquando do fecho da edição ainda era desconhecido o resultado da partida no estádio da Luz.

 

  1. Votei contra a constituição da SAD (e, sobretudo, contra a maneira como o processo foi organizado), mas isso não significa que deseje que as coisas corram mal. Pelo contrário. Como adepto e sócio, ambiciono que o projeto seja um sucesso e seria com todo o gosto que aqui viria dizer que estava enganado. Infelizmente não só não vejo razões para estar otimista como o tempo passa e não se veem melhorias. Quando os erros persistem e o tempo passa, a situação só pode estar a piorar. A contratação de um novo diretor desportivo, vindo de Itália, é no mínimo de estranho, já que Ignacio Beristain tinha sido apresentado como CEO e sabia-se que vinha para liderar todo o futebol profissional. Qual será o papel deste Matteo Tognozzi? Porque deixa a Itália e vem para Vila do Conde? Será apenas o responsável pelo scouting? Mas qual scouting, se ele não conhece o futebol português? Ou não é preciso conhecer? Vamos esperar que o anúncio oficial explique e se perceba um pouco melhor como funciona esta SAD que, todos me dizem, na verdade não existe – está dependente dos telefonemas de Atenas.
  2. O treinador parece ser outro problema. Para já deteto duas situações que merecem crítica: alguma incapacidade de preparar o onze e de reagir perante as adversidades (frente ao FC Porto isso foi óbvio, com dois médios e três avançados, perante um adversário super-intenso, que tem no seu meio-campo um dos principais trunfos), o que se percebe também com as substituições; a outra crítica tem a ver com a forma como ele (e a sua equipa técnica) se comporta durante os jogos. Parecem alheados, distantes, desinteressados. Sotiris passeia de um lado para o outro, de mãos nos bolsos e, de vez em quando, diz qualquer coisa para dentro do campo. Em todos os jogos disputados percebeu-se uma disparidade entre o comportamento das outras equipas técnicas e da nossa (exemplo: o primeiro golo do FC Porto é no mínimo discutível, por fora de jogo. Do banco de suplentes deveria ter saído uma justa indignação, mas acho que ninguém se levantou).
  3. Quando esta crónica estiver a ser lida, o leitor já saberá do resultado do Benfica-Rio Ave, que a equipa vilacondense vai disputar quatro dias depois do jogo com o Porto. Adivinho o resultado por antecipação, tendo em vista o efeito Mourinho e, por outro lado, a descrença que atravessa o plantel. Talvez fosse um ato de inteligência Sotiris apostar num onze completamente diferente na Luz, como que assumindo a inevitabilidade da perda de pontos, de modo a preparar, da melhor forma possível, a deslocação, cinco dias depois, a Famalicão. Apesar da qualidade dos famalicenses, é mais provável lutar nesse jogo pelos três pontos. Caso contrário, vamos possivelmente acabar a sétima jornada em lugar de descida e sem qualquer vitória. Com um plantel de 20 milhões de euros isso é inconcebível. Só explicado pelo facto de a SAD ser, nesta altura, um barco à deriva, sem um comandante ao leme e com os marinheiros desmoralizados – ironia: Marinakis pode não perceber de futebol, mas de barcos percebe ele…

Este artigo está na última edição em papel do seu jornal Terras do Ave (veja aqui) )  

Outros autores de opinião: Abel Maia, Gualter Sarmento, Pedro Pereira da Silva, Miguel Larangeira e Sara Padre.

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