O seguinte texto integre a rubrica “Entre Tachos e Estórias”, criada pela autora, e está na última edição em papel do jornal Terras do Ave
Em Vila do Conde, entre o cheiro do mar e a frescura das masseiras, nasceu uma mercearia que é muito mais do que um balcão de compras: a Pára! Bento. O nome é convite e promessa — pare, entre, prove — e cada visita transforma-se numa experiência sensorial completa.
Logo à entrada, o nariz guia-nos. O pão biológico ainda quente solta aromas de forno caseiro, os queijos amadurecidos libertam notas intensas e os enchidos fumados lembram lareiras antigas. Nas bancas, legumes frescos da terra brilham em cores vivas, e nas prateleiras alinham-se compotas, conservas e vinhos escolhidos a dedo. Cada produto conta uma história de origem e sabor.
Mas o que transforma a Pára! Bento em fenómeno não é apenas a oferta. É a forma como o espaço se reinventa em palco de celebração gastronómica. Num final de tarde, ostras fresquíssimas abrem-se ao som do estalar das conchas, acompanhadas pelo borbulhar fino de um champanhe bem gelado — luxo marinho servido com simplicidade. Noutra, uma paella fumegante ocupa o centro da sala enquanto guitarras e palmas marcam o compasso das sevilhanas, transportando todos para uma praça espanhola em plena Andaluzia.
Há ainda tardes de samba e encontros onde o vinho corre em copos partilhados, entre gargalhadas e música ao vivo. Frases como “Vamos do Champagne ao garrafão… temos tudo só não temos serviço” resumem o espírito da casa: despretensiosa, generosa, feita para juntar pessoas em torno do prazer de comer e beber bem.
O fenómeno Pára! Bento explica-se assim: não é só mercearia, não é só bar, não é só padaria ou garrafeira. É um lugar de encontro, onde os sentidos se despertam e onde cada evento acrescenta novas camadas de sabor e de memória. Quem lá passa, volta. Quem lá fica, recomenda.
No fundo, o convite é simples: pare, prove e celebre. Porque o verdadeiro luxo não está apenas no que se consome, mas na experiência de partilha que fica depois do último brinde.

Na Avenida Bento de Freitas, 482
Este artigo está na última edição em papel do seu jornal Terras do Ave (veja a 1.ª página aqui)
Outros autores de opinião: João Paulo Meneses, Romeu Cunha Reis, Adelina Piloto e Miguel Torres.
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