Na curva tranquila da estrada que atravessa Touguinha, há um segredo bem guardado por quem sabe onde se come com alma: o restaurante Vinhos & Coisas. Não tem letreiros luminosos nem pretensões modernas. Tem, isso sim, uma porta que se abre para uma sala rústica, onde tudo — da decoração à receção — parece ter sido pensado com o coração.
Conheci a Cristina por recomendação de um amigo conhecedor de vinhos, quando o restaurante era ainda o prolongamento informal de uma garrafeira, em antigos armazéns perto do Centro de Saúde dos Navegantes, nas Caxinas. Em mesas corridas, sentavam-se operários, enófilos e amantes da boa comida caseira. Passada mais de uma década, num espaço renovado e alinhado com o conceito do restaurante, o sorriso da anfitriã mantém-se: aberto, rasgado, sincero. Sentar-se ali é quase como entrar em casa de amigos. Somos conduzidos à mesa e, sem pressas, sugere-se o que há de melhor naquele dia — sempre bem regado. E acertará, sem margem para dúvida.
As entradas são um hino à simplicidade bem feita: azeitonas carnudas, pão fresco e queijos que abrem caminho ao que se segue. Nos pratos principais, tanto a carne como o peixe brilham: secretos de porco preto grelhados, entrecosto no forno ou nacos tenros e suculentos dividem atenções com um polvo assado com batata a murro ou com o tradicional bacalhau à lagareiro, servido no ponto. Tudo chega à mesa com sabor genuíno, cuidado na confeção e respeito pelo produto.
A carta de vinhos — a cargo de João Vale — ajuda a prolongar a conversa e a afinar os sabores. E no fim, ainda há espaço para uma sobremesa caseira: a mousse de chocolate, densa e indulgente, é aposta segura.
Em Touguinha, o Vinhos & Coisas é mais do que um restaurante: é um lugar onde a comida conforta, o serviço acolhe… e o tempo simplesmente abranda.
Este artigo está na última edição em papel do seu jornal Terras do Ave
Outros autores de opinião: Romeu Cunha Reis, João Paulo Meneses, Pedro Pereira da Silva, Miguel Torres, Adelina Piloto, JA Pereira Cardoso e Carolina Vilano.
Eis a primeira página (veja aqui).
Adquirir um exemplar (um euro) é uma das formas que tem para ajudar o seu jornal, que não possui quaisquer apoios ou publicidade institucionais, a prosseguir a sua missão.
