A GNR de Vila do Conde foi chamada pela tesoureira à Junta de Freguesia de Macieira da Maia por ter sido impedida de “assumir as suas responsabilidades” inerentes ao cargo, designadamente ter acesso à conta bancária da freguesia – da qual consta o seu nome – e verificar os pagamentos à Autoridade Tributária e à Segurança Social.
É isso que conta Patrícia Ferreira na explicação que enviou, pela Internet, aos “deputados da Assembleia de Freguesia de Maceira da Maia” argumentando que, “não obstante ter renunciado ao cargo de tesoureira da Junta de Freguesia de Macieira da Maia, manifestei claramente a minha intenção em continuar a desempenhar as obrigações adstritas às minhas funções até ser devidamente substituída, continuando assim a garantir a adequada gestão financeira da Junta de Freguesia de forma eficiente e transparente”, conforme a legislação em vigor.
Esse pedido de “renúncia”, continua a explicar, foi plasmado através de uma carta registada recebida, pela junta, no dia 6 de agosto.
No entanto, no dia 21, quando tentou aceder à conta “on-line” da Junta já não conseguiu fazê-lo e, no dia seguinte, soube junto do gerente da instituição bancária que o presidente da Junta, Filipe Santos, tinha ido à agência com uma “ata” invocando que a saída do cargo acontecia “com efeitos imediatos”.
Ou seja, não continha expressa a vontade da autarca permanecer em funções.
Sem ter lhe ter sido concedido acesso ao documento, Patrícia Ferreira informou então “o gerente que iria dar conta da situação ao Banco de Portugal” visto o seu nome ainda constar da conta da Junta.
Tendo em atenção os tais pagamentos que eram necessários ser feitos ao Estado, a tesoureira demissionária foi então à junta pedir a documentação e cheques, mas primeiro pela funcionária e depois por Filipe Santos (através de telemóvel), viu ser-lhe negada a entrega de quaisquer papéis e do livro de cheques.
Daí o chamamento da GNR para, justifica Patrícia Ferreira, “ficar registado oficialmente que estive nesta Junta de Freguesia determinada a assumir as minhas responsabilidades”.
Os militares tomaram conta da ocorrência e levantaram o respetivo auto.
“Sempre desempenhei as minhas funções de forma digna, transparente e dentro da lei. Estou de boa-fé e pretendo apenas salvaguardar os meus interesses profissionais e pessoais, como de resto fui fazendo ao longo destes 8 anos como Tesoureira da Junta de Freguesia de Macieira da Maia”, finaliza Patrícia Ferreira na sua missiva aos deputados.
O jornal Terras do Ave contactou o presidente da Junta para obter esclarecimentos e recolher a sua opinião, mas Filipe Santos, de forma pouco cordial, recusou-se a fazê-lo, transmitindo somente a ideia de que, em breve, poderão surgir mais pormenores sobre este caso.

Filipe Santos e Patrícia Ferreira foram ambos eleitos pela lista NAU em 2021