Está aí mais uma Feira do Artesanato [n.d.r. – ver esclarecimento no final do texto]. É a 47.ª edição. Tenho bem presente a memória das primeiras. Eu e, certamente, muitos vilacondenses. As fidalguíssimas rendas de bilros como porta-bandeira da vaidade vilacondense. Fascinantes pedaços de arte que viajavam até nós pela mão da criatividade e habilidade de artesãos forasteiros. Um evento a defender o artesanato, envaidecer os vilacondenses, promover a cidade e atrair turismo. Uma autêntica pedrada no charco. Um feliz abanão no marasmo dos verões vileiros. Num abrir e fechar de olhos, transformava-se no principal ponto de encontro nas noites estivais. Excelente iniciativa de quem, na época, tinha as rédeas da governação da cidade e do concelho. Mas será que ao fim de 47 anos tem que continuar a ser realizado no mesmo local e nos mesmos moldes da primeira edição?

Há dias, por altura dos Tapetes de Flores, recebi a visita de algumas amigas e amigos de Barcelos. Uma dessas amigas, encontrou-se comigo em frente ao nosso hospital. Estacionara perto das piscinas municipais e fizera todo o percurso a pé. Piscinas, Parque de Jogos, Jardim Júlio Graça e depois à direita, rumo ao hospital. Estava positivamente surpreendida com a extensa e lindíssima zona verde que acabara de conhecer. De facto, não é comum ver noutras cidades, de idêntica dimensão, uma zona de lazer como a que é compreendida desde as piscinas até ao Jardim Júlio Graça. Nós já estamos habituados… Mas quem nos visita não fica indiferente aos lindos recantos que se insinuam.

O Jardim Júlio Graça é um dos mais icónicos lugares de Vila do Conde. Mas antes de tudo é um Jardim. E como tal, deveria estar disponível nos meses onde mais apetece usufruir de um, ou seja, os meses de Verão. E é aqui que “a porca torce o rabo”. É que, precisamente nessa altura do ano, o lado norte do Jardim está ocupado com diversas feiras. Ele é os carros, o artesanato, a gastronomia, etc. E pior do que estar ocupado, é estar entaipado. Na plenitude do Verão, os Jardins mais bonitos de Vila do Conde estão indisponíveis e escondidos por um muro de tapumes.

Não estará na hora de deslocalizar estas interessantíssimas feiras para outros locais, renovar a sua conceptualização, dinamizar outros lugares e revitalizar os eventos?

 

Nota: Este artigo está na última edição em papel do Terras do Ave com data de 6 de agosto (data que deve ser tida em conta para o devido enquadramento temporal do conteúdo).

É publicado aqui neste dia porque, após um período de férias logo a seguir ao lançamento desse número, o trabalho já foi retomado no jornal.  

Outros autores de opinião: João Paulo Meneses, Abel Maia, Pedro Pereira da Silva, Sofia Castro e Carlos Real.

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