Bruno Meireles Pinto lançou a sua primeira obra literária intitulada “Mansão Meireles e os Segredos Escondidos”, que tem, como pano de fundo, Vila do Conde e a sua família.

Ontem publicamos, por aqui, uma primeira parte de uma entrevista (está na íntegra na edição em papel) em que abordamos um aspeto pessoal do autor que com 14 anos de idade, sofreu um acidente quando mergulhava e ficou tetraplégico.

Encontra no final desta página um acesso a essa trecho. Este sábado, a conversa plana mais no presente e futuro.

Sempre gostou de livros?

Muito. E já antes do acidente. Na altura da recuperação nem por isso, mas quando comecei a aceitar melhor a minha condição física, voltei a ler mais. Antes da internet, os livros eram as ferramentas para sabermos mais. Hoje também, mas naquela altura eram únicos e fundamentais.

Quais são os seus autores favoritos?

Não gosto muito de criticar livros nem autores. Tenho um canal de crítica literária no Youtube, que é o “Estranho Mundo Laranja” onde gosto de falar de livros, mas sem dizer mal. No máximo, posso dizer que uma obra não faz o meu género, mas que certamente será aceite por alguém. De resto, sou muito eclético. Leio autores diversos e de todos os estilos

Mas diga-me um com o qual se identifique mais.

O José Rodrigues Santos. Gosto muito. Li todos os livros dele.

E a sua entrada na escrita, como surge?

Começou a surgir naturalmente há cerca de sete ou oito anos. Mas dei um tempo de maturação, de aprendizagem da técnica de escrita, de absorção na Internet de muitos conceitos e normas. Quando senti que estava a ficar preparado comentei com a minha mulher e ela disse-me: “tu és capaz, escreves bem, avança”. E assim nasce a “Mansão Meirelles e os Segredos Escondidos”, um título que ela sugeriu.

E há um tema central neste romance?

Os valores familiares. Aprendi com o meu pai que a força está na família e não há maior verdade. Por isso é que as personagens têm os nomes de familiares: o Eduardo é o meu pai, a Carolina é a minha afilhada, a Manuela é a minha esposa, a Celeste é a minha mãe. As duas personagens principais, o Tomás e o Duarte, são os nomes dos filhos do meu irmão Ricardo em homenagem a ele. Nos diálogos encontram-se situações que vivenciei e a parte ficcionada do Egito, é um tema que sempre me apaixonou.

E está a ser um êxito?

A editora diz-me que é um sucesso e que quebrei recordes. Já foram vendidos 300 exemplares e está a ser preparada uma segunda edição.

Sente-se motivado para continuar?

Muito e tenho muitas ideias na cabeça. Mas tenho necessidade de fazer uma continuação da Mansão Meirelles. Vamos ver.

Esta obra tem como cenário Vila do Conde. Tinha de ser?

Sem dúvida. Vila do Conde é a melhor terra de Portugal. E digo isto porque já passei por muitos sítios. Não existe terra tão perfeita. Eu respiro Vila do Conde, sou um apaixonado por Vila do Conde e é onde me sinto feliz. Por isso, tinha de a incluir no livro´.

Há algum sítio que seja especial?

Gosto de todo o concelho, mas aprecio muito o Centro de Memória onde escrevi parte do livro.

Desloca-se num veículo adaptado, qual é o principal problema que encontra na cidade?

As ruas em paralelos ou em pedra, e os passeios irregulares, em calçada portuguesa, por exemplo. Já fiz uma exposição ao presidente da Câmara porque, por vezes, tenho de andar na estrada e é perigoso. Mas não é só para mim. Quem utiliza canadianas ou carrinhos de bebés também. Se querem preservar ruas antigas ao menos que façam um corredor, com outro tipo de material à superfície, por exemplo com uma laje em granito, que permita a circulação de cadeiras de rodas e de pessoas com necessidades especiais. Todos devemos ter o direito de andar na nossa cidade, que é tão bonita.

Pode aceder à parte da entrevista de ontem aqui

Array