Penso que todos concordamos que a informação é uma componente essencial da democracia.
Sem estarmos bem informados sobre o que se passa no país nos aspectos político, económico, social não estamos capazes de assumir posições e decisões sobre os problemas com que se defronta.
Os telejornais da noite, quando a maioria da população já chegou a casa e tem maior disponibilidade, cumprem uma função informativa de especial importância (se, no caso concreto português, cumprem a tal função com isenção e qualidade, essa já é uma outra questão).
Os telejornais devem, de qualquer modo, preservar o seu prestígio como espaços privilegiados e intocáveis no contexto da programação dos canais.
Mas, o que vem acontecendo, e lamentavelmente sobretudo com os canais estatais, é que se chega à hora do telejornal e presenteiam-nos com jogos de futebol! Se em tempos eram só jogos internacionais, agora também servem os do campeonato nacional, e mais os da taça, e o os do futebol feminino.
Não nos peçam para tolerarmos esta humilhante inversão de valores.
Seria assim tão difícil para o Estado português impor às instituições da área do futebol que mudassem os horários dos jogos? Ou será que o seu poder já é maior do que o do Estado português?
Este artigo está na edição em papel do seu jornal Terras do Ave que já encontra nas bancas.
Outras opiniões são assinadas por Miguel Torres, Elizabeth Real de Oliveira e Sara Padre (veja a 1.ª página aqui).