Honestamente, não me passava pela cabeça que, 15 dias depois do que aqui escrevi sobre a equipa do Rio Ave para a próxima época, tudo continuasse igual. Resumidamente, o que então expus foi que “o futebol foi para férias. Em sentido literal e figurado. Não há treinador, não há diretor desportivo, não há compras, dispensas ou vendas. Há [apenas] especulações na imprensa”. Duas semanas depois, a SAD não nos deu qualquer informação. Pode ser mau julgamento da minha parte, mas acho surreal. Provavelmente é apenas porque ainda não nos habituámos ao que aí vem e que, no essencial, será assim. No fundo, até há que admitir coerência: o administrador financeiro, o único executivo a tempo integral em Vila do Conde, foi destituído há quase dois meses e ninguém foi nomeado para o seu lugar. Qual é a relevância? Não há em Vila do Conde quem tome decisões, já que resta apenas esse erro de casting chamado Boaz Toshav, o presidente, que sabe tanto de futebol como eu de curling e que gosta de fazer jogging em Vila do Conde com o equipamento do Nottingham Forest (clube onde, já agora, não tem qualquer função, que se saiba). Toshav está entre Inglaterra e Israel. Provavelmente de férias na Grécia…

A um mês do início dos trabalhos para a nova época, começaram as obras no estádio, embora não se saiba que obras são nem que dimensão terão. É curioso ler, no Facebook, vários sócios e adeptos a revelarem pormenores da obra (“do lado sul vai nascer uma bancada junto ao relvado e ao passeio estacionamento, no lado norte um pavilhão, com as bancadas centrais junto ao relvado”). Como não acredito que estejam a inventar, das duas, uma: ou sabem o que se passa ou foram mal enganados. O que pretendo dizer é que nem a publicação no site oficial a dar conta do início das obras serviu para esclarecer. Talvez na Assembleia Geral prevista estatutariamente marcada para este mês.

Nestas duas semanas, as equipas de futsal e de futebol feminino do Rio Ave subiram à primeira divisão. Pode ser coincidência, mas é uma coincidência muito feliz. E rara. Sobre a conquista da equipa feminina (SAD), tenho pouco a dizer, a não ser que fiquei feliz, porque não acompanhei qualquer jogo. Quanto ao futsal, quando já era pouco provável, a principal equipa do Rio Ave FC (ou seja, independente da SAD) atingiu os objetivos. Parabéns a todos os responsáveis pelo feito. Na próxima época Vila do Conde volta a ter duas equipas na primeira liga e isso suscita, desde já, uma questão: à partida, atendendo à capacidade das duas instituições, o Rio Ave não pode ficar atrás do Caxinas, cujo mérito de se manter há várias épocas no principal campeonato é indiscutível, mas é necessariamente um clube com menos meios. Já que o Rio Ave FC se limita aos miúdos e ao futsal, e agora que até há a receita que o sr. Marinakis paga, vamos lutar para não descer?

Nota: Este artigo está na última edição em papel do seu jornal Terras do Ave (veja 1.ª página aqui) e, por razões de paginação, devido ao feriado de 10 de junho, foi concluído, pelo autor, no fim de semana passado.  

Outros autores de opinião: Abel Maia, Gualter Sarmento, Pedro Pereira da Silva, Adelina Piloto e Carolina Vilano

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