O meu texto, ou se quiserem, a minha reflexão de hoje tem como ponto de partida algo que não costumo fazer. Geralmente, como manda a regra, sempre que me convidam para dar a minha opinião ou sugestão de um filme tento falar de uma obra que tenha gostado ou no mínimo que me capte o interesse por algo diferente. Neste caso, aproveito o espaço que me dão para falar de um filme que não gostei e ao mesmo tempo permito-me assim fazer uma espécie de purga ao meu sentimento após ver o mesmo.
Foi com entusiasmo que fui ao cinema para ver Until Dawn mas aquilo que prometia ser uma espécie de regresso aos filme slahser dos anos 80 acabou por se transformar numa descarga de frases feitas e clichés básicos que facilmente eram identificados pelo mais leigo dos espectadores. O filme segue esta tendência de se adaptarem vídeo jogos para o grande ecrã e eu, como fã de jogos, tinha em Until Dawn uma memória de uma experiência muito divertida. O jogo permitia ao espectador tomar decisões pelas personagens o que abrangia o resultado das suas decisões a diversos fins. O próprio jogo era uma espécie de filme onde o jogador podia vestir a pele de argumentista. Para além disso, o realizador do filme, David F. Sandberg assinou algumas produções muito bem conseguidas, à cabeça o filme Lights Out que foi uma verdadeira lufada de ar fresco nos filmes de terror. Apesar disto tudo, o filme acaba por ser tão banal que sinto que se não fosse o título chamativo apelando aos fãs do vídeo jogo, este passaria longe dos holofotes.
A minha reflexão vem neste sentido. Parece que ultimamente é difícil ver coisas novas, acima de tudo, coisas boas no cinema. Esta mania de contar a mesma história de mil maneiras diferentes em mil plataformas diferentes faz com que tudo seja uma bela de uma confusão onde não existe espaço para criar. Não acredito que não existam pessoas ou ideias criativas por isso, acredito que é preciso uma mudança na indústria e assim certamente que da próxima vez que vos escreva irei trazer uma recomendação em condições.
Este artigo está na última edição em papel do seu jornal Terras do Ave (veja a 1.ª página aqui)
Outros autores de opinião: João Paulo Meneses, Abel Maia, Pedro Pereira da Silva, Gualter Sarmento, Miguel Larangeira e Adelino Piloto.
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