Raulino Silva é um dos mais prestigiados arquitetos de Vila do Conde e o seu trabalho tem sido reconhecido em vários pontos do mundo com a conquista de prémios ao longo dos últimos anos. Depois de ontem termos colocado uma primeira abordagem, nesta segunda parte da entrevista (está na íntegra na edição em papel) falamos mais da sua terra natal, Vila do Conde
Tem intervenções em curso em Vila do Conde?
No centro da cidade de Vila do Conde, na avenida Júlio Graça iniciou-se a construção, no passado mês de janeiro, de um outro grande projeto de habitação coletiva. A intervenção com doze apartamentos terá um edifício novo com seis apartamentos e a remodelação da casa existente com mais seis apartamentos. Na avenida José Régio, no próximo mês, também terá início a remodelação de um outro edifício com quatro pequenos apartamentos. Estamos ainda a projetar outros dois edifícios na cidade, um na Avenida Dr. Artur da Cunha Araújo com apartamentos e serviços e um outro mais pequeno só com dois apartamentos na rua de Joaquim Maria de Melo.
Dos imóveis em Vila do Conde qual é aquele que mais o fascina?
A intervenção do metro do Porto em Vila do Conde, com o arquitecto Souto Moura, é uma obra de grande qualidade e muito cuidadosa no detalhe. O mesmo aconteceu com o projeto urbano no centro histórico de Vila do Conde do arquitecto Fernando Távora. A obra mais mediática é a agência bancária do arquitecto Álvaro Siza que foi vencedora do Prémio Mies Van der Rohe em 1988. Em vários eventos internacionais em que participo, muitos arquitetos conhecem Vila do Conde por causa desta obra.
E já agora o que é que menos gosta, se quiser em termos genéricos e não propriamente de um edifício em particular?
Não vou referir nenhum em particular. Apenas, reforçar a ideia que os projetos de qualidade valorizam as nossas cidades e melhoram a vida das pessoas. O nosso dever é construir uma cidade agradável e funcional, que preserve a memória coletiva e a identidade dos sítios.
É comum ouvirmos queixas da burocracia que grassa no país. Afeta também a arquitetura? Se pudesse qual era a principal regra urbanística que mudava já amanhã?
Um problema grave que prejudica a reabilitação das nossas cidades, o acesso à habitação e dificulta o trabalho das equipas de arquitetura e de engenharia, é o tempo de resposta das Câmaras Municipais aos pedidos de licenciamento e comunicações prévias. Os serviços municipais raramente cumprem com os prazos legais e é muito comum ficarmos quatro ou seis meses à espera de uma resposta. Um outro assunto, que se devia resolver é a falta de infraestruturas básicas no concelho de Vila do Conde, nomeadamente de abastecimento de água potável e de saneamento para escoamento dos esgotos dos edifícios. Ainda existem muitas obras que não têm a possibilidade de ligação ao ramal das águas residuais e acesso à água da rede da Indáqua.
Esta entrevista está na íntegra na edição em papel do seu jornal Terras do Ave.


