Considero que 2024 não foi um bom ano, mas não a ponto de se poder considerar mau: não descemos de divisão (mas andamos assustados) nem estamos, nesta altura, em zona perigosa (mas já lá estivemos). Tirando isso, mas também por causa disso, foi um ano que não correu bem. Passo a explicar porquê:
- Os Rioavistas já se esqueceram do que é ver a sua equipa jogar bom futebol. Imagino que todos tenham a mesma opinião sobre o que é um bom jogo de futebol: marcar golos, ganhar de forma inequívoca, ver pelo menos alguns dos jogadores com grandes exibições. Pois nada disso aconteceu em 2024, quer na segunda metade da época passada quer na primeira de 24/25. O último jogo bom de que me lembro foi a deslocação à Luz, em 23/24, jogo em que, no final, acabámos goleados, mas em que, na primeira hora, reduzimos o Benfica quase a zero. Centremo-nos nesta época: já lá vão 14 jogos, temos quatro vitórias, sendo que acabaram por ser mais convictas as duas primeiras (com Freire) do que as duas obtidas por Petit. O Rio Ave não se impõe perante os adversários e acaba, mesmo quando ganha, a sofrer. Claro que não será possível dominar sempre os adversários, mas, vá lá, algumas vezes??? O Rio Ave joga um futebol pobrezinho.
- Defendi a saída de Luís Freire e uma das razões que apontei foi o facto de os jogadores, sobretudo os que vinham rotulados de craques, não se destacarem, fazendo exibições pouco mais do que sofríveis. Afinal, parece que me enganei. A situação continua igual com Petit. E se o problema atravessa dois treinadores provavelmente estará nos jogadores, que não são assim tão bons como os pintavam. Imaginemos que o proprietário da SAD precisava de liquidez, vendendo um ou dois. Não imagino quem. Neste momento o plantel do Rio Ave tem apenas cinco bons jogadores: Clayton (emprestado), Aderllan (o mais velho), Jhonatan (não joga), Vroussai (passe do Rio Ave) e Martim Neto (emprestado). Alguns poderão juntar-se (guarda-redes Miszta, por exemplo), e espero bem que sim, até porque cinco em 30 é um número ridículo. O plantel ou não tem a qualidade que se esperava ou está muito abaixo do que pode e sabe fazer.
- Tendo sido contra a forma como esta SAD surgiu, espero que as coisas corram o melhor possível, porque isso é bom para o investidor, mas também para os adeptos e o Clube. Mas sinceramente não é isso que vejo. O povo diz que o que nasce torto tarde ou nunca se endireita e o facto de, desde a primeira hora, a SAD não ter um presidente-executivo, em Vila do Conde e que perceba de futebol, foi um mau prenúncio. Aliás, continua a ser, uma vez que as ordens chegam do estrangeiro e não há um verdadeiro interlocutor para as cumprir. O diretor desportivo? Então para que servem quatro administradores? Evangelos Marinakis já disse que o Rio Ave é um clube pequeno e, como tal, parece que está no fundo das suas preocupações. Só assim se explica o novo impedimento imposto pela FIFA por dívidas não pagas, de que falei na semana passada. Lamento não ver uma SAD vibrante, bem gerida e em pleno diálogo com os sócios. Só mandar dinheiro não chega.
Publicado no jornal (edição em papel) a 24 de dezembro, ou seja, antes do jogo na Amadora (derrota por 1-0) e em casa contra o Nacional da Madeira (triunfo por 2-1).
Outras opiniões na edição: Abel Maia, Adelina Piloto, Gualter Sarmento e Carlos Real.
Pode recordar a 1.ª página aqui

