O fim do verão ‘ofereceu’ ao País mais um vasto número de incêndios que ceivaram vidas, casas e negócios. Um círculo vicioso do qual parece não se conseguir sair. Ano após ano. Os valores sociais, ambientais e económicos devastados são enormes. Durante cerca de 30 anos servi a causa dos bombeiros e de algum modo me habituei às rotinas e ao frenesim da época estival que os soldados da paz travam, sobretudo frente a um grande número de incêndios coincidentes no tempo e com localizaçoes dispersas. Nesses momentos os meios de combate e os homens e mulheres que vão para a frente são sempre insuficientes, e não fossem as bravuras e os esforços deles, para além do suportável, os efeitos seriam sempre mais dramáticos.  Ouvem-se nestas alturas palavras com mais apoios para melhores meios. Infelizmente, a maior parte das vezes, palavras ocas. Invariávelmente ouvem-se de responsáveis soluções que parecem vindas de sapientes, mas de curta duração e o flagelo continua. Na realidade, com toda a crueza, um combate de poucos para todos. Respeito por aqueles que tombaram este ano na luta. Apoiem os bombeiros, os verdeiros heróis destes combates.

Teremos seguramente orçamento. Não sabemos, à hora deste escrito, se será um novo orçamento ou o mesmo deste ano. A dança na praça publica continua. Ora vira à esquerda, ora vira à direita. Quem não quer negociar, quem ameaça, quem não entra na sala, quem seria melhor que nâo entrasse. Quem deseja eleições, quer não as quer. Qual o papel do presidente da República hoje, que não foi o de ontem. Uma bela dança outonal. Claro que vamos ter orçamento.

Por cá acalmaram as festas depois de verdadeiros rombos no orçamento municipal. A divida com um boom visível. Há um sentimento de bolha e solidão, e à volta da bolha, mau estar e desagrado.  Silencio e assobios para o lado da oposição. Do poder, nada se vê com eficácia para além da publicidade. Nem caminho, nem trilho. Só o bolear dos egos.

Publicado no jornal (edição em papel) a 2 de outubro. Outras opiniões: Elizabeth Real de Oliveira, Adelina Piloto, João Paulo Meneses, Gualter Sarmento e Carolina Vilano.

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