A Praça da República, o Terreiro para os amigos, é dos locais mais belos e turisticamente mais divulgados da Princesa do Ave. Sempre que é preciso uma fotografia da cidade, o registo da imagem de um casamento, de uma família ou de um grupo de vilacondenses a preferência do cenário recai inúmeras vezes sobre este sítio.

A praça deslumbra qualquer um. Apesar de se sentir a ameaça de catástrofe alertada pelas grades que nos separam do rio. Quais sentinelas abandonadas e esquecidas há anos. Há demasiados anos.

Paradoxal, infeliz e provavelmente, é a praça da cidade menos frequentada. Por todos nós. Sempre que por lá passo, e faço-o diariamente, é raríssimo ver alguém ou alguma família a usufruir deste majestoso rossio. Exceptuando um ou outro peregrino e, claro, nos dias de festa. Creio que podemos encontrar evidente explicação na existência da sebe e no exíguo número de entradas para o jardim. A sebe que circunda metade do recinto é reforçada por dupla sebe na outra metade constituindo um obstáculo desencorajador. Para agravar a situação, o número exíguo de entradas, apenas a norte e a sul, impõe uma disciplina que não convida à aproximação.

É pena! O sítio é magnífico. Dos mais nobres que Vila do Conde dispõe. É bem tratado e acarinhado por gerações de jardineiros que o mimam com carinho e criatividade, mas que sabe retribuir exibindo um garrido e variado colorido. Vaidosamente.

Gostaria de ver o Terreiro mais arejado. Livre da prisão daquelas sebes (e, já agora, das grades e da iminência de derrocada também). Libertado por uma larga entrada a nascente que redesenhasse os canteiros e oferecesse as boas-vindas a quem desce a escadaria que o liga à Ponte. E uma outra a poente que convocasse a entrada a quem vem da Nau, dos restaurantes da zona ribeirinha, do Lidador ou da Praceta José Régio.

Estou certo de que alguma coisa há a fazer para promover o saudável convívio das famílias vilacondenses num lugar icónico como este. A Praça da República, o nosso Terreiro, merece a atenção de todos nós. Principalmente de quem tem esse dever!

Publicado no jornal (edição em papel) a 4 de setembro. Outras opiniões: Elizabeth Real de Oliveira, Adelina Piloto, João Paulo Meneses, Abel Maia e Fátima Augusto.

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