Tal como um bom emigrante, regressei a Portugal no meu querido mês de Agosto e, além de poder estar com a família, pude voltar ao belo concelho de Vila do Conde e conhecer todas as novidades.
Fiquei surpreendido com as medidas de acalmia de tráfego implementadas recentemente. E a verdade é que as freguesias rurais de Vila do Conde bem que precisavam.
Andar a pé nas freguesias é o passatempo ideal para quem gosta de sentir adrenalina e não vai a montanhas russas por respeito à Ucrânia. Uma pessoa sai de casa e não sabe se vai ser atropelado por um John Deere desgovernado ou um Fiat Punto amarelo rebaixado (sim, fui em Agosto). As freguesias têm mais vacas que metros de passeio. Quaisquer medidas que protejam os peões são bem-vindas, mas talvez tenham exagerado um pouco nas passadeiras-lombas.
Em primeiro lugar, devido à ausência de passeio, muitas vezes as novas passadeiras começam num campo de milho e acabam num muro de granito. Não vejo grande utilidade em atravessar a rua nesses locais, mas nunca se sabe.
Por outro lado, as lombas têm a altitude das mais altas montanhas dos Alpes e ninguém beneficia com rampas de 25% de inclinação que sobem até aos 3500m. Todos sabemos dos efeitos da altitude e não me espantaria nada que os hospitais vizinhos recebam cada vez mais pessoas com tonturas ou que ficaram presas na neve quando no início da lomba estava um sol abrasador.
Por Inglaterra também há medidas de acalmia de tráfego, até em maior número que Portugal. Locais em que se obriga à cedência de passagem, ruas propositadamente estreitas e radares que nos agradecem quando vamos à velocidade certa. Mesmo as lombas são desenhadas para que alguém que vá devagar evite um solavanco muito grande.
Fica aqui a sugestão.
De nada.
Publicado no jornal a 18 de setembro. Outras opiniões: Romeu Cunha Reis, Pedro Pereira da Silva, João Paulo Meneses e Sara Padre

