Vila do Conde tem como orago S. João Batista e já o famoso documento de 26 de março de 953 se referia ao Castro de S. João, onde ficaria a pequena capela dedicada ao santo, demolida no século XVI após a conclusão da edificação da Igreja Matriz, para dar lugar à Construção do Convento da Encarnação/S. Francisco.

Em 1318 foi fundado no Monte, antes designado Castro de S. João, o Convento de Santa Clara e no dia de S. João, no fim da procissão, à tardinha, as freiras clarissas e todo o seu pessoal saíam com um pequeno andor do santo e entoavam cantigas a S. João, acompanhadas da música das pandeiretas e ferrinhos e, após o cortejo dentro da cerca, colocavam o andor na pequena capela dedicada ao santo.

No espaço envolvente ao mosteiro, o povo da Vila e de Azurara assistia a esta cerimónia e no final, ranchos de raparigas organizados por João Lopes, de Vila do Conde, e dirigidos por João Carrancha, de Azurara, e as freiras do lado de dentro da cerca, começavam a cantar a S. João a jeito de desafio.

Para resgatar do esquecimento esta tradição festiva a S. João, deixo aqui transcritas algumas das quadras dedicadas ao padroeiro de Vila do Conde:

“S. João do convento/Todo o ano está fechado/Mas, quando chega o seu dia,/Logo é muito festejado.

Orvalhadas por cima do trevo,/Nosso rancho não confessa medo (refrão).

S. João do convento/Tem aos pés um carneirinho;/Vamos comê-lo assado/Que o S. João paga o vinho.

Orvalhadas por cima do cravo/Nosso rancho tem-se despicado.

Ó que lindo batizado/Ali no rio Jordão!/S. João batiza a Cristo,/E Cristo a S. João.

Orvalhadas por cima da vara,/Viva o rancho que vem de Azurara!

Nosso S. João Batista/Tem dentinhos de marfim;/Quando vai no seu andor,/Vai-se todo a rir p´ra mim.

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