O WeeMan morreu.
Era o nosso gato. Com este nome estranho do qual não sabemos a origem, porque quando o adotámos já tinha 9 anos, uma idade demasiado avançada para criarmos uma crise existencial.
Como todos os donos, eu achava que era o melhor gato do mundo, e eu, tal como todos os outros donos, tinha toda a razão em pensar nisso.
O WeeMan gostava que eu o levasse a passear, de festas debaixo do queixo e na bochecha, de fazer bolinhos no meu peito e também de me abraçar e dar beijos na cara. Tinha vindo de uma associação depois de uma vida difícil em que o abandonaram enrolado numa toalha num veterinário quando já tinha uma idade respeitável e, apesar de ter medo de toda a gente e todos os sacos plásticos do mundo, decidiu adotar-nos imediatamente, elevando-nos às coisas mais importantes do planeta.
E tudo foi perfeito até aquela terça-feira, 28 de Maio, quando estávamos a 10 minutos de sair de casa para voar para Portugal. Depois de um dia normal em que recebeu muitas festas e me ofereceu uma vez mais um dos seus brinquedos, o WeeMan entrou pela sua porta a miar em dor sem mexer as patas de trás. Corremos para o veterinário e pouco mais de três horas depois estavamos a decidir pela eutanásia e a discutir cremações.
Muitos dos leitores de certeza que passaram por isso nas suas vidas e sabem o quão duro é. A perda súbita de alguém, incluindo um animal, é muito dura, mas ainda me custou mais ter que decidir que o melhor para ele seria um descanso eterno.
A dor é inultrapassável. Para muitos era apenas um animal, mas para nós era o nosso melhor amigo.Por isso hoje decidi sair um pouco do habitual nestes artigos, ainda não consigo pensar em algo para além disso.
E é uma maneira de eternizar o WeeMan numas folhas de jornal que, se calhar, daqui a muitos anos ainda vão ser lidas por alguém, fazendo com que a sua memória perdure.
Pedimos desculpa pela interrupção no tom destas crónicas, voltamos à normalidade dentro de um mês.
Publicado no jornal a 12 de junho. Outras opiniões: Romeu Cunha Reis, Elizabeth Real de Oliveira, Pedro Pereira da Silva, João Paulo Meneses e Carolina Vilano
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