Pela segunda vez consecutiva a AD ganha as eleições em Vila do Conde. Algo vai mal no burgo socialista… ou não, isto é, os vilacondenses começaram a despertar para a mudança necessária.
Apresento alguns factos (nacionais) e lições (locais) a serem retiradas destas eleições europeias.
Factos:
- Uma vitória tremida da Temido, o triunfo liberal, a derrota da AD e a queda do Chega.
O PS ganhou por pouco com uma escolha certa para apelar ao seu eleitorado típico. Uma cara conhecida, empática, que com pouco conhecimento da Europa, apelou a um público mais idoso e menos instruído, o voto na estabilidade, em contraponto com uma cara mais desconhecida, jovem, arrogante e irreverente, apesar de bem preparada (Bugalho). Esta aposta da AD ficou a saber a pouco, mas deixou no ar uma promessa de futuro. O Cotrim conseguiu, com a competência que lhe é característica que os portugueses lhe dissessem sim. E foi o grande vitorioso da noite, demonstrando que sem voto útil o liberalismo tem adeptos em Portugal.
- ADN tem mais votos que o PAN (partido com representação na assembleia da república e nas últimas eleições com um deputado eleito, que mais tarde se tornou independente). O fenómeno ADN já não pode estar só associado à confusão do nome e apresentou uma estratégia, com algum resultado, de ter uma cara conhecida, que não sendo suficiente se mostrou melhor que o PAN ao apresentar um candidato sem carisma e com ideias que já não são exclusivas suas (ver o caso do Livre).
- A descida da abstenção que ficou a saber a muito pouco. Portugal disse aos cidadãos votem. Podem-no fazer antecipadamente e onde quer que estejam. Mesmo assim a abstenção rondou os 63,6% e apesar manter a tendência da descida, ainda não é o suficiente.
E quais as lições? A inflação continua a demonstrar que os portugueses não se sentem envolvidos com as eleições. E os motivos não são se está sol ou se está a chover, mas sim, uma falta de confiança nos partidos políticos e nas suas escolhas para quem nos representa nos órgãos de decisão. Eleição, após eleição, a manifestação dos portugueses, e dos vilacondenses em particular, é que é necessária mais autenticidade na comunicação, mãos à obra pela criação de uma cultura assente nos valores, com transparência e clareza e que o populismo pode enganar por algum tempo, mas não perdura.
Publicado no jornal a 12 de junho. Outras opiniões: Romeu Cunha Reis, Pedro Pereira da Silva, Miguel Torres, João Paulo Meneses e Carolina Vilano
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