Opinião de João Paulo Meneses

O Rio Ave FC garantiu, frente ao Vitória de Guimarães, a permanência na primeira liga, o que acontecerá pela 30ª época. Num ano marcado por salários em atraso, impedimento parcial de inscrição de novos jogadores e classificação sempre nos lugares do fim da tabela, como se explica o sucesso desportivo alcançado a três jornadas do fim?

1. O treinador. Terceira época de Luis Freire em Vila do Conde, terceira época em que os resultados são positivos. Se gosto do futebol praticado pelo Rio Ave? Não gosto. Se acho o treinador pouco flexível (em termos táticos)? Acho. Mas Freire rima com sucesso. Penso que o seu ponto forte é a capacidade de se unir aos jogadores e de os manter focados, mesmo quando faltavam opções e qualidade individual e os resultados eram desanimadores (o Rio Ave chegou a estar nos lugares de descida, na primeira volta). A Presidente já disse que o treinador foi peça-chave e deixou-lhe os maiores elogios.

2. A equipa. No outro dia fiz as contas e concluí – espantado – que dos 16 jogadores que alinharam contra o Chaves no jogo da subida de divisão 12 ainda estão no plantel (mais Guga, que fez meia época). Ou seja, esta equipa é basicamente a mesma em três anos. E foi com ela que Freire trabalhou, mesmo quando, em janeiro, chegaram 11 reforços (um exagero, percebe-se agora). No último jogo, em Portimão, havia um reforço entre os 11 titulares. Há algumas lesões? Ok, mas os leitores recordar-se-ão que manifestei aqui, e por várias vezes, a perplexidade por terem vindo tantos jogadores e muito poucos jogarem. Afinal a equipa-base tinha qualidade. Aziz foi o único que fez a diferença (com seis golos marcados).

3. A Direção. Das 12 equipas classificadas na parte de baixo da tabela, só Rio Ave e Portimonense não mudaram de treinador. Eu confesso: se fosse o presidente, Freire não teria chegado ao fim. Mas ainda bem que não sou… Portanto, esteve bem a Presidente por ter mantido a aposta no técnico. Quero também elogiar a sua postura em termos de críticas ás arbitragens. O adepto quer que os dirigentes se revoltem quando as coisas correm mal, mas, no fundo, a serenidade compensa. Houve serenidade. Finalmente, bom negócio com Costinha: foi vendido, entrou dinheiro e continuámos a contar com o jogador.

4. Os adeptos. Nunca faltou apoio à equipa, sobretudo na segunda volta. A deslocação ao Bessa será um marco que vai ficar na memória e na história (mérito também da Direção). E, verdade seja dita, mesmo quando as coisas corriam mal, poucos foram os que se manifestaram (pelo menos no estádio,…) contra Freire.

Finalmente vamos ter novidade sobre a criação da SAD, a venda dos 80% e o nível de investimento do sócio maioritário. Será este domingo, quando se assinalam precisamente seis meses desde a realização da Assembleia Geral Extraordinária. Espero que a sessão seja esclarecedora, quer por parte da Presidente quer dos eventuais sócios que tenham perguntas a fazer (apesar dessa possibilidade não estar prevista na estranha convocatória assinada pelo presidente da Assembleia Geral).

Publicado no jornal a 15 de maio. Outras opiniões:  R. Cunha Reis, Elizabeth Real de Oliveira, Pedro Pereira da Silva, Miguel Torres e Carolina Vilano.

Array