Opinião de Gualter Sarmento

O voto é a arma do Povo. Através dele, o eleitor exerce o dever cívico de avaliar cada candidatura e o direito de fazer ouvir a sua voz.

As eleições são o tempo do eleitor. Mas o dia seguinte às eleições é o tempo de apreciarmos as preferências do eleitorado. Vamos a isso.

A nível nacional, nas Legislativas de 2019, o eleitorado decidiu eleger um deputado da Extrema-Direita para a Assembleia da República. Apesar de esse deputado ter batido o recorde de faltas da história do nosso Parlamento, de ter acumulado funções que o próprio censurava nos outros, de ter faltado a debates e votações sobre o combate à corrupção e ao enriquecimento ilícito, o Povo Português premiou-o nas eleições de 2022 com 12 deputados. Nada fizeram, excepto exibir a vozearia que lhes é característica. Combateram os beneficiários de RSI mas ignoraram as enormes fugas de capital dos seus patrocinadores. Insultaram os imigrantes para ocultarem a falta de ideias em questões como a Saúde, a Educação ou a Cultura. O resultado da gritaria acéfala dessa dúzia de deputados foi o aumento para 50 sabujos que nada mais oferecem do que a bajulação ao chefe.

Do lado oposto do hemiciclo estão forças políticas que, em cada legislatura e apesar do escasso número de deputados, apresentam propostas em número superior a qualquer outro grupo partidário. Todas com o objectivo de melhorar o dia-a-dia dos trabalhadores e suas famílias. O eleitorado, se queria protestar contra os partidos que nos têm governado, tinha neles uma excelente alternativa. Ao invés, eleição a eleição, têm castigado quem mais trabalha para eles. Isso revolta-me!

A nível local, os vilacondenses também premiaram esse grupo extremista e viraram as costas a quem tem trabalhado de forma honesta e competente nos vários órgãos de Poder Local. Porquê? Será que esses eleitores acompanham o exercício desses autarcas? Sabem eles que, enquanto uns apresentam propostas para promover o bem-estar dos vilacondenses, esse grupo fascistóide revela total ignorância sobre qualquer assunto e nem sequer usa o tempo disponível para dar voz a quem o elegeu? Não reconhecer o trabalho sério de uns e recompensar a incompetência de outros, revolta-me. Estou indignado e sou livre de manifestar essa indignação. Ainda!

Publicado no jornal a 3 de abril. Outras opiniões: Abel Maia,  Adelina Piloto, João Paulo Meneses e Carolina Vilano. Na atual edição em papel: R. Cunha Reis, Miguel Torres, Elizabeth Real de Oliveira, Pedro Pereira da Silva, João Paulo Meneses e Marta Ramos.

Array