Opinião de R. Cunha Reis

É do conhecimento geral que os problemas que se deparam aos serviços públicos e aos que neles trabalham, a crise da habitação, do sector da saúde, a exiguidade dos salários praticados nas empresas, têm vindo a suscitar sucessivas acções de protesto de cuja razoabilidade e justiça ninguém pode duvidar. Essas acções raramente são espontâneas. As injustiças existentes têm que ser divulgadas, as iniciativas reivindicativas organizadas e propagandeadas, as palavras de ordem selecionadas, os cartazes pintados, os transportes contratados.

O mesmo acontece com as grandes manifestações internacionais, como presentemente aconteceu contra a chacina criminosa que prossegue na Palestina. Em todo este trabalho organizador participam na primeira linha homens e mulheres que se identificam com os valores de uma sociedade humana que anseiam construir onde não subsistam a exploração e a miséria, onde os hipermonopólios desapareçam, e no seu lugar, emerjam empresas estatais ou cooperativas, não apostadas em acumular lucros astronómicos, em que o direito à habitação seja garantido pelo Estado a todos os cidadãos. Nas recentes eleições, a formação política que mais se empenha nestes objectivos viu a sua votação baixar para menos de 4%, enquanto todas as que se identificam com o capitalismo neoliberal e predador que reina na União Europeia puderam ostentar resultados fabulosos. Obviamente, estes resultados contaram com os votos daqueles a quem os militantes, sem descanso, ajudaram nas suas lutas, mas que nenhuma recompensa tiveram. Não é justo!

Publicado no jornal a 20 de março. Outras opiniões: Miguel Torres, João Paulo Meneses, Carlos Real, Elizabeth Real de Oliveira e Pedro Pereira da Silva. Na atual edição em papel:  Abel Maia, Gualter Sarmento, Adelina Piloto, João Paulo Meneses e Carolina Vilano.

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