No passado dia 21 de março, data em que se celebrou o Dia Mundial da Árvore, decorreu a apresentação pública do Projeto de Requalificação da Ribeira de Silvares (PRRS) na Junta de Freguesia de Mindelo. A sessão contou com a presença de Sara Lobão, vereadora da Câmara Municipal; Cláudio Matos, presidente da junta; Fernanda Órfão, arquiteta paisagista e presidente do conselho diretivo da paisagem; Amélia Guimarães, engenheira florestal e membro do conselho consultivo da paisagem; e Cristina Rodrigues, professora no Instituto Politécnico de Viana do Castelo.
Na abertura, Sara Lobão mencionou que a ROM tem “uma dimensão muito histórica e simbólica para o nosso concelho” e, por isso, além dos trabalhos no terreno uma das atividades propostas no PRRS é uma “ação de formação” para unir, no mesmo objetivo, os proprietários e outros defensores do espaço natural. Só com essa inclusão, defende a autarca, será possível “manter este lugar [ROM]” e responder às necessidades, não só enquanto proprietários, mas também como agricultores. “É fundamental que haja este tipo de dinamismo”, complementou o presidente da junta, considerando que a base do PRSS é “uma causa que nos toca a todos: a causa ambiental”.
A riqueza paisagística e histórica do local foi realçada, logo a seguir, por Fernanda Órfão, recordando que a ROM “é considerada um espaço único de grande valor histórico e simbólico, pelo seu pioneirismo na conservação da natureza e sinalizado pelo professor Santos Júnior (…) que imprimiu um carácter científico à gestão da ROM, tendo a sua intervenção servido de base a numerosos estudos, cuja importância ultrapassou fronteiras”. Foram estes trabalhos, frisou, que contribuíram para “o estudo científico das aves e da conservação da natureza em Portugal”. Por isso, “cabe-nos a responsabilidade de preservar e proteger o seu legado”.
A presidente do conselho diretivo mencionou também que a “agricultura intensiva afeta e colide com as estruturas naturais do território” e que a “lógica produtiva” tem originado transformações no território que “devem ser mitigadas ou mesmo estancadas”. Assim sendo, é necessário “revisitar e ressignificar as práticas agrícolas e florestais que comprometem a salvaguarda dos ecossistemas ribeirinhos” e para tal, só há um caminho: “retomar os laços com a natureza estabelecendo nexos de continuidade e inovação”, concluiu.
Já a engenheira florestal, Amélia Guimarães, falou sobre aquilo que está a ser feito na Ribeira de Silvares. As obras tiverem início em fevereiro, mas estão ligeiramente atrasadas devido às más condições meteorológicas que se fizeram sentir. Já foi possível fazer “podas seletivas nas áreas autóctones”, uma “contenção da vegetação espontânea no leito e nas margens” e a remoção de “resíduos sólidos urbanos” e de “vegetação exótica e invasora” (foram detetados alguns “pontos críticos” que originaram uma atuação reforçada).
Nesta fase está a ser feito um “reperfilamento do leito” da ribeira, sendo o próximo passo “estabilizar as margens” recorrendo a “técnicas de engenharia natural: enrocamento, entrançado, faxinas, hidrossementeira, sementeira e plantação”. Após o término da obra, Amélia Guimarães garantiu que a manutenção será monitorizada.
Por fim, a professora Cristina Rodrigues, na sua intervenção, limitou-se a aflorar a “importância da biodiversidade” e da “sustentabilidade ecológica”, em contextos mais genéricos.

