A Páscoa celebra-se no próximo dia 31 de março, e como manda a tradição vilacondense, há dois doces que não podem faltar à mesa: o fofo “pão de ló” e o “pão doce”, mais duro. À procura dos segredos das duas iguarias falou com Zélia Batalha da Santa Casa da Misericórdia de Vila do Conde e com Artur Mancilha, proprietário da confeitaria Mancilhas, em Touguinha, que não faz por menos: o seu é “o melhor pão de ló do mundo”.

“É feito totalmente à base de gemas, quase que nem leva claras, bastante açúcar e pouca farinha”, conta o pasteleiro que, sem problema, diz que o segredo está apenas “na qualidade dos produtos”. O que o distingue dos demais é, admite, o facto de “ser mais húmido” devido ao “excesso de gema, de açúcar e a forma como é confecionado”.

Todavia, nem sempre o “pão de ló” foi produzido da forma atual que até surgiu “de uma forma engraçada”. Aquando da “preparação de um batido” houve uma falha e o pão de ló acabou por não ter o aspeto habitual, mas…“estava bom”. Foi colocado à venda e “houve dois clientes que levaram” para experimentar e dias mais tarde regressaram para pedir “um igual” ao que haviam comprado que o gosto era superlativo. Só mais tarde é que o pasteleiro se apercebeu que tinha havido “uma troca entre as claras e as gemas”, conta Artur Mancilha, e desse erro nasceu a especialidade da casa. “A partir daí, optamos por fazer sempre assim e tem sido um sucesso”.

Quanto à escolha do “título” supremo mundial, foi feita pelos clientes que, nas redes sociais, se começaram a referir a este doce como “o melhor pão de ló do mundo”. A moda pegou e a pastelaria, naturalmente, aproveitou. Neste momento, as encomendas para a Páscoa, que abriram em janeiro, já estão esgotadas. O pão de ló tem um custo de 18,99 euros por quilo.

Já o “pão doce” da Santa Casa da Misericórdia é feito com “farinha sem fermento, ovos, açúcar, fermento de padeiro, raspas e sumo de limão e água de canela fervida”, contou a confeiteira, Zélia Batalha. Também aqui o segredo está na qualidade dos produtos utilizados e em “fazer com amor e com gosto”. O que o difere do “pão doce” tradicional é somente o equipamento onde este é cozinhado. Em vez de ser num forno de lenha, é num elétrico, mas o apuramento é semelhante.

“Há pessoas de Viana do Castelo, Santo Tirso e Famalicão que vêm cá, de propósito, buscar os nossos bolos”, contou Zélia, comprovando assim a qualidade dos doces vendidos no Salão de Chá da Santa Casa de Vila do Conde, acrescentando que é lá que se encontram “os melhores bolos conventuais da zona Norte”. Este é um dos doces mais apreciados pelos clientes, especialmente nesta altura, e “às vezes, se tivéssemos mais [pão doce], mais se vendia”, diz.

Neste momento, ainda são aceites encomendas para o domingo de Páscoa, mas essas devem ser feitas “com antecedência”. O pão doce possui um custo de onze euros por quilo.

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