Opinião de Adelina Piloto

Inicio hoje neste jornal um conjunto de artigos para homenagear o Meio Século de Abril, cuja efeméride se aproxima a passos largos e, já muitas Câmaras Municipais pelo país fora divulgaram os seus programas, para homenagear com dignidade e orgulho democrático esta data histórica, o que não é o caso de Vila do Conde, cujo programa ainda se desconhece.

Comemorar o 25 de Abril é homenagear a Revolução que pôs fim a 48 anos de ditadura fascista e autoritária, de partido único, de censura prévia e de falta de liberdade, de Guerra Colonial, de Pide e de presos políticos em Caxias, Peniche e Tarrafal. Foram 48 anos de propaganda populista, de pobreza, analfabetismo e injustiça social. E semear esperança é ter sempre na lembrança o que não pode ser esquecido, para que no presente e no futuro não se cometa os mesmos erros e não se caia nas mesmas ratoeiras. Comemorar o meio século da Revolução de Abril, é reafirmar o compromisso com a Democracia, é evocar os homens e mulheres que lutaram e arriscaram a vida durante a ditadura, para que a Democracia triunfasse. Mas a Democracia não é um dado adquirido, pelo contrário, ela exige uma vigilância sem tréguas, uma luta constante contra todos os seus perigos, desvios e atropelos, ela requer, cada vez mais, uma cidadania ativa e responsável para resistir às múltiplas ameaças dos dias de hoje: compadrio, corrupção, autoritarismo, populismo e promiscuidade entre a política, a igreja e os grandes grupos económicos e financeiros, cujos objetivos são especular e enriquecer escandalosamente à custa da miséria da maioria da população e no maior desprezo pelos direitos humanos e pelas liberdades e garantias dos cidadãos.

Publicado no jornal a 7 de fevereiro. Outras opiniões: Gualter Sarmento, João Paulo Meneses, Abel Maia e Sara Padre. Na atual edição em papel: Romeu Cunha Reis, Miguel Torres, João Paulo Meneses, Carolina Vilano, Elizabeth Real de Oliveira, Pedro Pereira da Silva.

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